O retorno em grande estilo do Dr. CLIN – Bete Trintona

O retorno em grande estilo do Dr. CLIN

Bete Trintona

Agora Os Trinta

 

Bete Trintona estacionou seu moderno mini carro modelo 2010, numa mini vaga que custou a encontrar, devidamente administrada por um zeloso flanelinha.​

“Qualquer dia, vou ter que vir de táxi ou Uber”, pensou. “Não se acham mais vagas como antigamente, e coitado do meu lindo carrinho se não der um agradinho pro moço.”
“É o maior exemplo de poli-tributação”, pensou, correndo afobada: ao ter um carro, você paga impostos ao governo federal, estadual, ao município pra estacionar e ainda compra a “proteção” do flanelinha.

Mas não tinha opção, não podia facilitar, senão era carro arranhado na certa. Afinal aquele veiculo tão na moda, de aparência tão doce, de aspecto assim meio retrô, tinha o salgado preço de um carro grande e dos bons.

Um amigo seu tinha acabado de comprar um menor e mais caro ainda! Parece que certos carros estavam se tornando como certas roupas femininas: quanto menores, maior o preço.

Rapidamente pegou o maço de exames no banco de trás e gritou: “toma conta direito que estou atrasada pra consulta!”

Bete tinha apenas trinta e oito anos, mas como tomava pílula deste os quatorze, já computava quase um quarto de século de uso ininterrupto de anticoncepcional oral, juntamente com o cigarro, também iniciado nesta mesma idade, ambos “receitados” por amigas e às escondidas dos seus pais.

A pílula, junto com a cerveja as vezes excessiva cinco dias na semana e com o cigarrinho que tinha seu consumo redobrado nas happy hours, era um trio de efeitos deletérios tremendos para o seu metabolismo.

E pra piorar, tinha em sua família vários casos de infartos em parentes do primeiro grau, todos ocorridos abaixo dos sessenta anos. E todos, inclusive a nossa Bete, tinham um colesterol no sangue acima dos 300, o que indicava hipercolesterolemia familiar, independente da alimentação, mas causada por uma alteração genética.

Era uma loura bonita, que, não importa o modelo de roupa que usasse, mostrando ou deixando de mostrar alguma parte do corpo, sempre deixava estrategicamente aparecer alguma das muitas tatuagens que tinha feito ao longo da vida. Ainda tinha um corpo sarado, torneado nas academias, mas já deixando transparecer uma barriguinha e uns pneus que ameaçavam anular sua cintura.

–“Mas o que é isto, doutor? Quer dizer que mesmo não sentindo nada, mesmo o teste ergométrico estando ok, os exames de imagem já mostraram placas de gorduras nos vasos do meu coração? Mas afinal é gordura ou cálcio o que o exame mostrou? Então quer dizer que muito cálcio nas artérias significa que já pode ter certo grau de entupimento? E não seria melhor desentupir logo? Passar o tal ‘roto-rooter’?”

“Quer dizer que remédios modernos podem estacionar ou mesmo reverter a situação?”

O que está sendo proposto pelo médico da nossa Bete é a chamada prevenção primária, em que a pessoa ainda não teve um infarto ou equivalente, ao contrário da prevenção secundária, em que se usam remédios para evitar uma segunda encrenca.

Esta é a cardiologia do momento!

Depois que grandes estudos demonstraram que medicamentos potentes podem eficazmente diminuir o risco do primeiro infarto, o desafio será simplesmente identificar a tempo quem tem maior risco e “entrar de sola” tratando agressivamente o que puder ser tratado.

A Bete tem um histórico familiar, que é um fator de risco que não pode ser modificado. E o seu escore de cálcio coronariano, mensurado através da angiotomografia de coronárias, estava em 68, o que não implica ainda em fazer cateterismo mas em controle agressivo dos fatores de risco. Então, com mais razão, tem que controlar muito bem o seu colesterol com medicamentos e parar de uma vez por todas com o cigarro.

Total e definitivamente.

Sobre o  colesterol e as estatinas

​A mãe do Dr Endo, um cientista japonês, devia ter um certo dom profético ao dar ao filho um nome que tem tudo a ver com o medicamento que ele descobriu.

O endotélio é o revestimento interno dos vasos, que até pouco tempo atrás se achava que era só uma parede inerte de um tubo. E que depois descobriu-se ter mais e mais atividades e funções, inclusive a de fabricar substâncias que alteram, tanto para mais quanto para menos, o calibre dos vasos.

Quando funciona bem, mantém os vasos abertos. Quando o endotélio é lesado, forma-se a placa de gordura e a partir daí a sequência de eventos que levam a obstruções, infartos e outros bichos.

O Dr Endo descobriu a primeira das estatinas, substâncias que além de baixar o colesterol prevenindo a formação ou a progressão da placa de gordura, melhoram diretamente a função do endotélio.

O remédio que ele descobriu foi a lovastatina que abriu caminho a todas as outras estatinas que se seguiram.​ Isso se passou da seguinte forma:

O arroz fermentado por fungos, ou leveduras é conhecido na China desde a dinastia Tang, (ano 800 D.C.) e usado para fins medicinais. A farmacopeia chinesa antiga (ano 1368 D.C.) dá uma descrição detalhada da sua manufatura.

Agora, da China voltando para o Japão.

O nosso Dr Endo descobriu em 1976 um fungo desses que fermentam o arroz e que produz substâncias chamadas monacolinas que ajudam a baixar o colesterol.

Uma delas, a ML236B, também recebeu os nomes de mevastatina e lovastatina

(isto mesmo, uma estatina que é “fabricada” naturalmente) e a marca comercial de Mevacor, a primeira desta classe de drogas redutoras do colesterol, e que foi comercialmente lançada em 1988, iniciando uma nova era na cardiologia preventiva, que dura até hoje e não tem prazo para terminar.

Portanto, mais um exemplo de como a natureza ajuda a produzir um remédio moderno.

Vale a pena relembrar, para fins de analogia, um pouco da história da penicilina.
O primeiro dos antibióticos foi descoberto acidentalmente em 1928 por Alexander Fleming, um médico britânico, a partir do fungo penicillium notatum, que é do mesmo gênero de mofos do bolor do pão.

É certo que o acaso só favorece as mentes preparadas.

Mas o Dr Fleming, além da mente preparada, contou com um bocado de sorte. Por uma extraordinária coincidência o fungo que contaminou por acidente sua placa de Petri em que ele cultivava bactérias era exatamente um dos mais ativos produtores de penicilina já conhecidos, de todas as espécies do gênero Penicillium (1).

(1) FLEMING, A. On the antibacterial action of cultures of a penicillium, with special reference to their use in the isolation of B. influenzæ. Br J Exp Pathol v.10 n. 31 p. 226–36, 1929.

Ou seja, acertou de cara, de primeira.

Já o nosso japonês Dr Endo teve que contar com a notória paciência japonesa

para testar 6.000 (isto mesmo, seis mil) fungos diferentes até descobrir o que procurava. E era exatamente um fungo também do gênero Penicillium (o Penicillium citrinium (2).

(2) ENDO, A; KURODA M., TSUJITA Y. “ML-236A, ML-236B, and ML-236C, new inhibitors of cholesterogenesis produced by Penicillium citrinium”. Journal of Antibiotics (Tokyo) Dez 1976.

No começo a comunidade científica não deu muita bola para a penicilina, e fazia mais fé nos remédios “químicos” totalmente feitos em laboratório (chamados quimioterápicos, como a sulfa). Esta história de um remédio, o tal antibiótico, produzido pela natureza, através de um fungo, era demais!

Mas a segunda guerra mundial ajudou a mudar os rumos da história. Os remédios antibacterianos existentes, os já citados quimioterápicos do grupo das sulfas, eram de origem alemã. E os ingleses logicamente nem queriam ouvir falar dos alemães.

Reza uma lenda que Winston Churchill teria sido tratado em plena guerra de uma grave infecção com uma sulfa, exatamente a sulfa descoberta pelos inimigos alemães! (seu médico pessoal ainda não tinha experiência com penicilina) mas para elevar o moral dos ingleses, a imprensa local divulgou que ele teria sido salvo pela recém descoberta penicilina!

Assim como penicilina e seus parentes mais modernos já salvou e ainda salva milhões de vidas, as estatinas da mesma forma o fazem, e certamente ainda continuarão com seu destacado papel por um tempo que nem podemos imaginar.​

Só que observou-se um problema. Apesar de as estatinas serem tão benéficas, pra prevenção e tratamento das doenças coronárias, pelo menos 10 por cento das pessoas não as toleram.

Então já existem disponíveis ou a caminho vários outros medicamentos, que são usados para substitui-las, potenciar o seu efeito ou permitir que sejam dadas em doses menores:

  • Ezetimiba (Ezetrol, Zetia, Zimiex), que reduz a absorção do colesterol pelo intestino. Seu efeito varia se a pessoa é naturalmente mais ou menos “absorvedora” de gorduras, mas veio pra ficar e já tem uso bastante difundido.

    • Acido bempedóico (Nexletol; também associado a ezetimiba : Nexlizet): comprimidos orais. Atua inibindo a síntese de colesterol no fígado, como as estatinas, mas em outro ponto do processo. Tem a vantagem de ser uma pró-droga, ou seja não age quando está na circulação, mas é ativada só quando chega no fígado. Então não fica circulando como droga ativa e daí não tem o risco de atuar nos músculos e provocar as dores musculares comuns com as estatinas.  Já aprovada pelo FDA(3) nos Estados Unidos, ainda aguardamos sua liberação por aqui
    • (3) Food and Drug Administration
  • Anticorpos monoclonais: Evolucumab (Repatha) e arilocumab (Praluent). Estes agem da seguinte forma: Existem na superfície das células, principalmente nas do fígado, que é a “usina” do organismo, uns receptores específicos para o LDL, o vilão. Esses receptores captam os LDL circulantes e os “puxam” para dentro das células onde são metabolizados. Portanto, “limpam”da circulação o excesso de LDL. Até aí tudo bem. MAS, descobriu-se que existe no sangue uma enzima de nome complicado que atende pela sigla PCSK9, que destrói os receptores LDL que são os captadores e limpadores do colesterol ruim do sangue!.  Então se anularmos essa enzima, pronto! Os receptores LDL não serão destruídos por ela e poderão fazer o seu trabalho de limpeza em paz. O que os pesquisadores fizeram para resolver esse problema? Criaram um anticorpo monoclonal que ataca e anula o tal PCSK9.  Esses anticorpos terminam com o sufixo“mab” (sigla em inglês: monoclonal antibody) e são os dois citados acima.                            Já disponíveis no Brasil, é feita uma administração sob a forma injetável, aplicada a cada 15 dias no subcutâneo abdominal. Extremamente potentes, apesar do preço ainda meio salgado, como sempre acontece com os medicamentos recém lançados.
  • Lerodalcibep: Ainda sem nome comercial, portanto ainda não lançado no mercado, mas já em fase 3 de estudos clínicos, a última antes da comercialização. Se não tiver nenhuma surpresa negativa, vai ser uma opção aos injetáveis quinzenais acima, por ser apenas uma injeção mensal. Também age inibindo a enzima PCSK9.
  • Inclisirana (Sybrava):  Tem efeito parecido com os anticorpos monoclonais  só que ao invés de neutralizarem a enzima PCSK9 já formada, simplesmente bloqueiam a sua fabricação. No nosso organismo quem dá os comandos pra fabricação de proteínas (as enzimas são um tipo de proteínas) é o mRNA, ou RNA mensageiro. O inclisiran nada mais é do que um siRNA, ou “pequeno RNA de interferência” que interfere na fabricação do PCSK9. Daí  em diante é a mesma coisa, ou seja, ficam disponíveis os receptores LDL para “limparem” o sangue do colesterol ruim (LDL). É indicado para prevenção secundária quando só a estatina + ezetimiba não dão conta ou há intolerância, e também na prevenção primária nos casos de hipercolesterolemia familiar. É aplicado no subcutâneo abdominal, uma dose inicial, outra em 3 meses e depois só uma dose de 6 em 6 meses!!Isso mesmo, uma injeção semestral! Já disponível no Brasil.  Tem o preço também salgado, mas na Inglaterra o NHS (Serviço Nacional de Saúde, o SUS de lá) negociou uma grande partida com o preço bem favorável. O que esperamos que aconteça por aqui também

As gorduras nem sempre são vilões

As “Gorduras do Bem”

Todos os óleos saudáveis tem pouca gordura saturada e muita gordura insaturada, esta última se dividindo em 2 tipos: monoinsaturadas (exemplo: ômega 9) e poli-insaturadas, especialmente os famosos ômegas 3 e 6.

Estes componentes gordurosos são chamados ácidos graxos essenciais (que têm esse nome porque não são fabricados pelo organismo mas são essenciais para seu funcionamento).

Os ômega 3 ajudam a reduzir os níveis de triglicerídeos e (discretamente)

 aumentar o colesterol HDL. Os ômega 6 podem ajudar a baixar a pressão

arterial .

Podemos encontrá-lo nas nozes, castanhas, peixes especialmente de águas frias e nos óleos vegetais, como azeite, canola, soja e milho.

Houve uma época em que, para se contrapor a dietas excessivamente gordurosas, elaborou-se dietas quase sem gordura.

Assim para se opor a dieta de Atkins que era só gordura veio a dieta de Ornish que era quase vegetariana (Ah bom, permitia clara de ovo e um copo de leite desnatado por dia!).

Acontece que ambas são exageradas e pouco saudáveis a longo prazo. Estudos que tentam defendê-las observaram pessoas ao longo de um ano por exemplo.

Ora, temos que ter uma alimentação saudável por toda a nossa vida, e nenhum destes estudos durou décadas.

Além do mais, ninguém aguenta fazer uma dieta destas a vida inteira. Se insistir, ou adoece ou enlouquece.

Acontece que a nossa dieta não precisa ser sem gorduras, e nem só gorduras. Existem na natureza as gorduras e óleos saudáveis, os quais é melhor comer do que se abster deles.

Alguns exemplos são:

Azeite ou óleo de oliva

É especialmente rico em ácido oleico, um óleo monoinsaturado ômega 9 e polifenóis, que são antioxidantes.

Na dieta mediterrânea, estão presentes alimentos gordurosos que são cardiologicamente corretos: o azeite de oliva e os óleos presentes nos peixes, que contém os famosos ômega-3.

No caso do óleo de oliva, os principais produtores mundiais são Espanha, Itália, Grécia e Tunísia, não por acaso países banhados pelo mar Mediterrâneo.

Este óleo é uma gordura, pois tecnicamente 100 gramas dele contém 100 gramas de gordura, neste caso na forma liquida, ou óleo.

Um grande estudo acompanhou 90 000 participantes durante 28 anos quanto ao consumo de azeite de oliva: um grupo não usava nada e o outro grupo pelo menos meia a uma colher das de sopa por dia (daí para cima), seja na cozinha ou na mesa. O resultado? A turma do azeite teve as seguintes reduções em relação ao outro grupo: Menos 19% de mortalidade, menos 19% de doenças cardiovasculares, menos 17% de câncer, menos 29% de doenças neurodegenerativas e menos 18% de doenças respiratórias. Um alimento e um santo remédio!

Óleo de peixe

A recomendação de se comer peixes marinhos de águas profundas e frias (100 a 200 gramas 2 vezes por semana) como fonte de ômega 3 esbarra no seguinte:
No nosso meio, longe do mar frio, estes peixes nem sempre chegam lá muito saudáveis e frescos para consumo rotineiro e são caros.

Bacalhau e sardinha são os mais ricos e fáceis de se obter. Atum encontramos enlatado, não tão bom para uso frequente se tiver muito sal.
Uma lata de atum tem aprox 110g do peixe e 250mg dos tais ômega 3. E o salmão que temos aqui vem de fazendas do Chile que os criam em tanques rede.

São ótimos para se comer, tem um bom custo/benefício mas não são tão ideais como fonte de ômega 3 quanto o salmão pescado no mar aberto, que é bem mais caro.

Isto posto, na prática pode ser  válida a recomendação de se ingerir óleo de peixe sob forma de suplementos, em geral em cápsulas.

A AHA (Associação Americana de Cardiologia) recomenda como prevenção secundária (ex.: para pessoas que já têm problemas coronários) doses de até 1.000 mg de ômega 3 por dia. Cada cápsula de óleo de peixe destas mais comuns tem 1 g de óleo de peixe, mas de ômega 3 tem 300mg, sendo 180 de EPA e 120 de DHA). Portanto, a dose é de 3 cápsulas por dia (daria 900mg de ômega 3) o que costuma nos fazer arrotar um gosto de emulsão de Scott (lembra?) o dia inteiro.

Para a prevenção primária (para quem ainda não teve infartos ou quetais) a AHA tira o corpo fora e continua dando preferência à alimentação, aconselhando a apenas comer os tais peixes marinhos.

Recentemente foi lançado um EPA purificado (cápsulas de 1 g de EPA puro) e que foi aprovado para uso em pacientes que já tiveram eventos cardiovasculares (portanto prevenção secundária) e que tomam estatinas para baixar o colesterol, mas que persistem com os triglicérides elevados. Consegue-se uma  redução aceitável dos triglicérides e também do risco cardiovascular. Mas teriam que ser tomadas 4 cápsulas de 1 g por dia (total 4 g) o que torna o preço ainda bem salgado. E essa dosagem aumenta discretamente o risco de arritmias atriais.

Como na prática, pelos motivos expostos, ninguém aguenta ou consegue comprar e comer peixe na quantidade necessária (a menos que more à beira mar em uma cidade pesqueira) uma sugestão é tomar 2 cápsulas por dia se a pessoa não comer nenhum peixe e uma cápsula/dia se comer os tais peixes pelo menos 2 vezes por semana.

O ômega 3 de origem vegetal, o acido linolênico, presente no óleo e no farelo de linhaça, também tem sido indicado por similitude (vide em seguida), mas não se pode perder de vista que os estudos observacionais de desfechos cardíacos em populações que validaram os ômega 3 foram feitos com de origem animal, ou seja dos peixes.

Linhaça

A linhaça nada mais é do que a semente do linho (Linum usitatissimum), o mesmo linho que nossos avós usavam para fazer aqueles ternos brancos bacanas, que eram muito frescos e próprios para se usar no calor dos trópicos, de preferência com um chapéu panamá.

É um ácido graxo ômega 3 de origem vegetal, ao contrário dos outros ômega 3 famosos (ácido docosaexaenóico ou DHA e eicosapentaenóico ou EPA) que são de origem animal, dos peixes marinhos bacalhau, atum, salmão e também da nossa sardinha.

Este ômega 3 vegetal, por ser originário do linho, recebeu o nome de ácido alfa-linolênico, ou ALA).

A farinha da semente de linhaça (mas não o óleo) contém, além do ômega 3 citado, grande quantidade de fibras que também são importantes numa dieta equilibrada.

A semente de linhaça é tem também fitoestrógenos que podem ter ações como antioxidantes e nos receptores estrogênicos.

Diante de tudo isto, recebeu a classificação de alimento funcional.

Canola

O óleo de canola é considerado um dos mais saudáveis óleos de uso na cozinha.

Ele teve sua origem numa planta chamada colza, muito cultivada no Canadá.

A colza dava um bom óleo, exceto por um problema: tinha um excesso de ácido erúcico, que além de ter um gosto amargo, era muito indigesto.

Através de cruzamentos genéticos de subespécies da colza, os canadenses desenvolveram uma nova e linda planta, de flores amarelas, com baixo teor de ácido erúcico.

A esta planta se deu o nome de canola, palavra esta que tem origem na expressão técnica: CANadian Oil Low Acid.

O chocolate

O chocolate não faz parte da dieta mediterrânea, mas também pode ser considerado uma gordura do bem.

Na época dos astecas, era chamado de alimento dos deuses, daí o nome científico do cacaueiro: Theobroma cacao (theo = deus e broma = alimento), e dai também veio o nome da substância teobromina, presente no cacau e que tem efeito estimulante. Do grupo das metilxantinas estimulantes fazem parte a teobromina e a cafeína.

O navegador genovês Cristóvão Colombo foi um dos primeiros europeus a provar o chocolate, que foi apresentado a ele pelos astecas, que o usavam como alimento e também nos seus rituais místicos e religiosos.

Sua versão amarga é a mais rica em cacau (de acordo com as normas europeias tem que ter no mínimo 35%, de cacau) e não por acaso a considerada mais benéfica para o sistema cardiovascular, por ser rica em polifenóis antioxidantes, os flavonóides também contidos nas uvas.

O conceito mais atual é que alguns dos efeitos benéficos seriam por impedir a oxidação do LDL colesterol e por reduzir um pouco a pressão arterial. Estudos mostraram uma redução na mortalidade cardiovascular nos usuários regulares

​Abacate 

O abacate contém múltiplos nutrientes saudáveis, incluindo fibras e gorduras insaturadas de boa qualidade.

Dois grandes estudos envolvendo dezenas de milhares de profissionais de saúde americanos mostraram que comer 2 porções de abacate por semana (cada porção : meio abacate médio) pode diminuir o risco de eventos cardiovasculares. Especialmente se for usado em substituição a outras gorduras como manteiga, queijo e bacon.

 

Além de saudável, o abacate é saboroso, barato e fácil de ser integrado na alimentação diária, seja puro ou como parte de pratos doces ou salgados

As nozes

Nozes como a noz propriamente dita, amêndoa, avelã, castanha de caju e do Pará, pistache e outras.

O amendoim, apesar de colocado junto com as nozes, é uma leguminosa.

Muitas nozes não são nozes do ponto de vista botânico, mas podem ser assim chamadas do ponto de vista culinário.

Estudos epidemiológicos mostraram que pessoas que consomem regularmente nozes tem menos risco de sofrerem problemas coronários. Elas contém várias substâncias que teriam efeito cardioprotetor, tais como antioxidantes e especialmente ômega 3.

Então, pra resumir, existem muitas gorduras do bem, mas fica um alerta:
Nunca consumi-las em excesso, pois são calóricas ao extremo: 9 calorias por grama, contra 4 dos carboidratos e proteínas.

Se exagerarmos buscando benefícios, acabaremos ficando “gordinhos saudáveis”.

​E lá vai a nossa Bete Trintona saindo do médico equilibrando-se em seus enormes saltos, com uma receita de estatina de última geração na bolsa e a recomendação expressa de reduzir a bebida, não fumar e deixar a comida de boteco só para os finais de semana.

O Dr CLIN reina absoluto – O vovô Sam

Surge o Dr. CIR – José Brasil

Agora, a vez do Dr. CAT – João Moderno

O retorno em grande estilo do Dr. CLIN – Bete Trintona

O Futuro Presente – Chico Futuro