Diabete

Fatores de Risco

4° Fator de Risco: Diabete

Não está no âmbito do CliniDAC o diagnóstico e o tratamento do diabete.

Esta condição será citada de modo genérico pois é um dos fatores de risco cardiovascular, e está frequentemente associada com os outros fatores. Estes devem ter um controle especialmente rígido, sempre que encontrados em diabéticos. É comum encontrarmos diabéticos que são também obesos, sedentários, hipertensos, ou que tenham alterações no colesterol ou triglicérides. Um diabético não deve fumar nunca!

Se você tiver diagnóstico comprovado de diabete, deve ter sempre um médico de referência para acompanhá-lo, indefinidamente. Pode ser o clínico geral ou o próprio cardiologista, mas os casos mais complexos exigirão consulta periódica ao endocrinologista.

O tratamento implica em dieta, controle de peso corpóreo, exercícios moderados e regulares, medicação quando indicada (insulina ou antidiabéticos orais), exames de sangue e urina periódicos e certos cuidados com o corpo (pés, pele, etc.). Por isso, há a necessidade de consultas médicas regulares.

Recomendações e observações diversas

Os itens abaixo relacionados devem ser observados por todas as pessoas, visando a um padrão de vida mais saudável. Mas se aplicam de modo especial aos diabéticos, e por isto serão citados especificamente. Caso seguidos adequadamente, representarão mais saúde geral para o diabético, e mais facilidade no controle da glicose, e em alguns casos, suspensão ou pelo menos redução dos remédios em uso.

Pressão alta

A PA elevada, não controlada, acelera os malefícios do diabete sobre os vasos sanguíneos, o coração e os rins. Ambas as condições, PA elevada e diabete, melhoram com exercícios regulares e com controle de peso e do stress. Os limites ideais da PA para o diabético são: 130 mmHg ou menos para a máxima e 80 mmHg ou menos para a mínima, se bem tolerada

Sal

Devido à frequente associação com pressão alta, o diabético não deve comer sal em excesso, devendo reduzi-lo na alimentação. A quantidade de sal ingerida por dia não deve ultrapassar 5,0g.

Álcool

O uso do álcool deve ser discutido em detalhes com o médico assistente. Regra geral, diabéticos controlados podem, após liberados pelo seu médico, consumir quantidades parcimoniosas de álcool. Mas nunca em jejum! (pode ocorrer hipoglicemia). Alguns medicamentos anti-diabéticos não devem ser associados com álcool.

Fibras

Seu consumo deve ser estimulado. As fibras solúveis, como o farelo de aveia, ajudam a melhorar o colesterol. As insolúveis, como o farelo de trigo, melhoram o funcionamento intestinal. Uma ingestão elevada de fibras (50 gramas por dia, o dobro do recomendado, sendo a metade solúveis), pode também melhorar os níveis de glicose. Contudo, é difícil para a maioria das pessoas seguir uma dieta com um teor tão alto de fibras.

Peso corpóreo

Entre 80 a 90% dos diabéticos não dependentes de insulina são obesos. Na maioria dos casos, o objetivo de manter o peso dentro dos limites do IMC (Índice de Massa Corpórea) é uma meta difícil de ser alcançada. Uma perda de 5 a 10% do peso corpóreo costuma ser suficiente para melhorar ou mesmo normalizar os níveis de glicose, além do colesterol, dos triglicérides e da pressão arterial.

Colesterol e triglicérides

A alteração mais comum nos diabéticos é um aumento nos triglicérides, que na maioria das vezes se resolve com as mesmas medidas genéricas indicadas para controle da glicose alta (redução dos carboidratos ingeridos e do peso corpóreo, e exercícios moderados e regulares). Outra alteração comum é a redução do HDL-colesterol. Alterações no perfil lipídico devem ser abordadas com rigor. Atualmente considera-se como ideal que o diabético mantenha os níveis de LDL-colesterol abaixo de 70 mg/dl quando se tratar de prevenção primária e de 50mg/dl para a prevenção secundária de problemas cardíacos, quando já houve algum evento como infarto, angioplastia ou cirurgia de ponte de safena. Tais níveis em geral só são alcançados com medicamentos. Um desafio a ser perseguido é manter os triglicérides abaixo de 150mg/dl, primeiro com o controle ótimo da glicemia e depois se necessário com medicação.

Adultos diabéticos com mais de 75 anos são de risco aumentado, em especial de já tiverem placas de aterosclerose, e podem se beneficiar se medicamentos para reduzir colesterol forem mantidos ou até mesmo iniciados, dependendo do estado de saúde geral.

Exercícios físicos no diabético

Além dos benefícios do exercício para toda a população, o diabético tem melhorada sua condição nos seguintes aspectos:

  • redução dos níveis de glicose no sangue, e aumento da capacidade do organismo em utilizá-la.

  • menores necessidades de insulina, ou redução ou mesmo eventual eliminação da medicação anti-diabética oral.

  • melhora (se for o caso) da pressão alta, triglicérides altos e no perfil do colesterol, e redução da obesidade e da gordura armazenada no corpo.

  • Possível redução na ocorrência de diabete nos não-diabéticos em risco de desenvolvê-la (exemplo: obesos que tenham um dos pais diabético). Sedentários têm 2 a 4 vezes mais chance de serem diabéticos, independente de serem ou não obesos.

É importante para todos os que se exercitam, mas especialmente para o diabético, a idéia do “gradual e progressivo”, ao exercitar-se.

Diabéticos com problemas circulatórios ou de retina devem evitar esportes de contato ou os que possam se machucar facilmente, e também exercícios muito vigorosos, ou que possam elevar muito a pressão arterial, como os esforços isométricos.

Alguns casos em que há acometimento severo da retina (retinopatia diabética) podem constituir contraindicação à prática de esportes pelo risco de hemorragia retiniana.

Diabéticos acima de 30 anos devem sempre fazer teste ergométrico antes de iniciar um programa de exercícios.

Uma caminhada informal após as refeições, num passo tranquilo, por uns 10 a 15 minutos,  ajuda a estabilizar os níveis glicêmicos nos diabéticos.

Além de caminhadas, exercícios resistivos com pequenos pesos ou elásticos melhoram a força e a massa muscular, a densidade óssea e a sensibilidade à insulina.

A glicose no sangue deve estar adequadamente controlada, antes de iniciar um programa de atividade física. Caso contrário, poderá haver episódios de hipoglicemia nos “super controlados” e de hiperglicemia nos “mal controlados”.

É aconselhável que o diabético não se exercite sozinho, e saiba reconhecer bem os primeiros sinais de hipo ou hiperglicemia, e o que fazer em cada caso.

O diabético não deve exercitar-se em jejum, mas após uma refeição não exagerada (ex.: um desjejum com pão integral, frutas e suco ou água), quando ele terá boa disponibilidade de glicose.

Devem ser evitados exercícios muito intensos e/ou prolongados (mais de 60 minutos), pois pode ocorrer queda excessiva de glicose no sangue. Casos de atletas diabéticos necessitarão acompanhamento especializado.

Deve-se ver com o médico assistente a questão de alimentação e uso da medicação antidiabética, nos dias de exercícios. Regra geral, os exercícios indicam mais alimento e menos medicamento, e este ajuste (se for necessário) deve ficar bem esclarecido. Mas exercícios leves e moderados, feitos com regularidade, não costumam exigir mudanças na rotina diária de medicação e alimentação.

Alguns pacientes dependentes de insulina podem ter hipoglicemia precoce ou tardia pós-exercício, e precisarão acompanhamento médico mais cuidadoso.

Caso haja sudorese excessiva (dias quentes e úmidos) repor adequadamente a perda de água que ocorrer. A desidratação pode ser especialmente prejudicial, ao causar desequilíbrio de água, sódio e potássio. Foi observado que a ingestão pós-exercício de “bebidas esportivas” contendo polímeros de glicose reduz a incidência de hipoglicemia.

Comentários

  • O diabético costuma não aceitar muito a sua condição, se revoltando e dificultando o tratamento. Também pode manipular médico e familiares, atraindo a atenção para si e obtendo ganhos secundários, como afeto, cuidados extras e desculpas para evitar certas tarefas. Conflitos mal resolvidos, pessoais e familiares, costumam ser “explicados” pela condição de diabético.

  • Ele também pode se sentir culpado pela sua condição, o que não é verdade. Ninguém é diabético porque quer.

  • Existe um conceito popular de que “o diabético quando está nervoso é porque a glicose está alta”. A glicose elevada não “provoca” nervosismo. Já o contrário, pode ocorrer, isto é um estado de tensão acentuada aumentando a glicose no sangue.

  • Um programa de controle adequado, incluindo a participação regular em exercícios e esportes faz com que o diabético melhore o seu auto-conceito e sua auto-estima, mostrando aos outros, e principalmente a si mesmo, que “é capaz”.

  • Deve-se usar exaustivamente as tabelas de composição de alimentos, para anotar os novos produtos alimentícios industrializados que forem surgindo no mercado. Devem ser anotados aqueles julgados “de confiança”, recomendados pelo médico ou pelas associações de diabéticos.

  • Também deverão ser anotados os produtos não confiáveis , que deverão ser evitados por não estarem indicados, por falta de informação adequada na embalagem, ou por divulgação equívoca ou mesmo desonesta.

  • Use as sobremesas dietéticas apenas como sobremesa mesmo, para “adoçar a boca”, sem excessos. Elas não contém açúcar, mas seus outros componentes contém calorias, que devem ser levadas em conta .

  • O mel contém açúcares e suas restrições para o diabético são as mesmas que as do açúcar comum.

  • Recentemente houve uma mudança de paradigma no tratamento medicamentoso do diabete.  Como ocorre um aumento de complicações cardíacas e vasculares, o objetivo era controlar da melhor forma possível a glicemia, a pressão arterial e colesterol e triglicérides, visando indiretamente reduzir esse risco cardiovascular. Novos medicamentos antidiabéticos recém incorporados ao arsenal para baixar a glicemia também mostraram que tem um efeito direto na melhora cardiovascular , tratando a insuficiência cardíaca seja com ou sem disfunção do ventrículo esquerdo. Além disso se provaram eficazes em  em também proteger o rim da disfunção renal que pode com o tempo ocorrer no diabético. Essa tríplice ação ( tratamento da glicemia per se e também proteção cardíaca e renal ) trouxe esses remédios ao topo do tratamento global do paciente diabético.

“Uma espécie de madeira não adoçou o amargor da água?

 Esta virtude chegou ao conhecimento dos homens.”

Eclesiástico 38:5

Existem dois tipos de adoçantes, em substituição ao açúcar:

  1. Adoçantes não calóricos: não têm glicose, e têm pouco ou nenhum conteúdo calórico: sacarina, ciclamato, aspartame, stévia, sucralose e acesulfame K (ou acesulfame potássico). O aspartame pó contém 4 calorias por grama, mas a quantidade necessária para adoçar é muito menor que a de açúcar, e acrescenta pouco em termos de calorias.

  2. Adoçantes calóricos: também não contêm glicose, mas têm calorias, o que deve ser levado em conta quando o diabético quer emagrecer: frutose (contém 4 calorias por grama, o mesmo que o açúcar), dextrose, maltose, sorbitol, manitol e xilitol. Os três últimos são mais utilizados na fabricação de balas, chicletes, chocolates e sorvetes dietéticos.

Ingestão diária superior a 50 gramas de sorbitol ou 20 gramas de manitol pode ter efeito laxativo (levando a desconforto intestinal e diarréia).

Não existe razão para se proibir o uso de frutas, onde a frutose ocorre naturalmente. Depende apenas de se evitar os excessos.

Pelo fato de boa parte dos adoçantes serem artificiais, ou substâncias químicas não naturais, é recomendável alternar-se o tipo de adoçante em uso, de tempos em tempos .Ou usar mais de um tipo no dia a dia. Exemplo: ciclamato para adoçar um suco e aspartame para o café. Assim o organismo não fica exposto a grandes quantidades de um mesmo produto químico.

“Amplificadores de risco”

Vale aqui citar condições específicas do diabete e que podem funcionar aumentando o risco cardiovascular, e assim exigindo maior ênfase no controle global de risco do paciente: São elas:

  1. Longa duração do diabete: 10 anos para o diabete tipo 2 ou 20 anos para o diabete tipo 1.

  2. Albuminúria, que é a perda de proteína pela urina, acima de 30

  3. Redução da função renal

  4. Retinopatia e neuropatia diabéticas.

  5. Obstruções nas artérias das pernas.

Cuidados gerais

Pés e Tornozelos

Problemas circulatórios nas pernas são melhorados através de caminhadas, que ativam a circulação local.

Cuidados com os pés são especialmente importantes no diabético. Para exercícios use tênis de tamanho adequado que não machuquem os dedos ou o calcâneo. Sempre usar meias de algodão, que ajudam a absorver o suor. Enxugar bem entre os dedos, após o banho, para evitar a “frieira” ou “pé-de-atleta”(que é uma micose) e pode servir como porta de entrada para infecções bacterianas, como erisipelas. Unhas não aparadas, ou excessivamente aparadas, são outro fator de trauma nos dedos dos pés, ao se fazer exercícios.

O uso do tênis é fundamental para a prática esportiva. Mas usar tênis o dia inteiro pode levar a maior sudorese dos pés, com os espaços entre os dedos se mantendo sempre úmidos, e facilitando o crescimento dos fungos da “frieira”. Após a prática de exercícios, retire o tênis, pois este estará úmido de suor, e o coloque num lugar ventilado para secar. Então fique um período de chinelos de borracha para “arejar” os pés. Outras dicas para evitar micoses são: evitar andar descalço em banheiros de uso coletivo; evitar lava-pés de piscinas e saunas; não usar toalhas e calçados de outras pessoas; não usar alicates de unhas e cutículas, tesouras e lixas não-esterilizados.

Feridas nos pés costumam levar mais tempo para cicatrizar, e exigem maior cuidado. Feridas pequenas e recentes podem ser indolores, e com isto demorarem a ser descobertas. Por isto, a inspeção visual dos pés, periodicamente, é importante, inclusive após exercícios. Um espelho pode ajudar nesta visualização.

Exercícios como a natação e o ciclismo, implicam em menor risco de traumas e ferimentos nos pés.

Pele

Evitar ferimentos, ou condições que levem a ferir-se. Tratar as feridas prontamente, evitando molhar e sujar.