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Medidas de PA (Pressão Arterial) em Casa com Aparelhos Eletrônicos

Ter um desses aparelhos para medir a PA em casa já foi um grande problema. Não eram nada confiáveis, cada medida um valor muito diferente… enfim geravam mais problemas do que solução.

Mas houve uma evolução favorável nesses dispositivos, e atualmente, o  seu uso regular em casa, desde que com as técnicas apropriadas de medição, passou  a ser útil no controle auxiliar da hipertensão. Outra utilidade deles é que a medida da PA desacompanhada do médico poderia minimizar o “efeito do avental branco”.

Mas algumas regras devem ser seguidas:

  1. Essas medições podem ser um auxiliar valioso no tratamento. Mas NUNCA se deve mudar os remédios por conta própria se achar valores muito altos ou baixos; comunicar ao médico, que conferirá as medidas e fará os ajustes necessários.
  2. Comprar um aparelho de boa marca (ex.: OMRON HEM 7122) ou similar. O preço melhorou muito, são facilmente encontrados em drogarias e não compensa mais pedir alguém para trazê-los do exterior.
  3. Dar preferência aos de braço. Alguns de pulso podem ser confiáveis (ex: OMRON HEM 6181) desde que usados corretamente. Podem ser úteis nos indivíduos muito gordos em que o manguito não consegue “abraçar o braço” o suficiente para  uma insuflação adequada.
  4. Antes de usá-los rotineiramente, trazer ao consultório do médico para checar se a medição está correta, e comparar com o aparelho do médico, estabelecendo uma margem aceitável

Um dispositivo desses em casa, quando chega, é uma festa! Todo mundo quer medir… Cuidado para não danificá-los, e obviamente não confiar na memória das medidas anteriores do aparelho (podem guardar as últimas 20 a 60 medidas) pois se outros também usarem não teremos uma evolução de uma só pessoa! Nesses casos melhor fazer uma planilha das suas medidas no computador ou celular, ou mesmo anotar numa folha de papel para levar ao médico na próxima consulta. Também anotar na frente da medida de PA quanto deu a freqüência cardíaca (em batimentos por minuto).

Alguns “macetes” nas medições:

  1. Repouso por 5 minutos antes. Não chegar da rua e ir logo medindo.
  2. Preferir um ambiente calmo e sem barulho. Melhor sozinho ou com o mínimo de pessoas possível no entorno. A expectativa dos circunstantes e os palpites não ajudam. Não conversar durante a medição.
  3. Evitar o desconforto de uma bexiga cheia, e evitar refeições pesadas, café, cigarro e bebidas alcoólicas pelo menos 30 minutos antes, e exercícios 90 minutos antes.
  4. Não ficar medindo toda hora! Senão o que seria uma ajuda em casa vai se tornar um problema em si. Siga as orientações do médico. No inicio do tratamento, e até que a PA esteja controlada, pode ser necessário medir diariamente. Um bom esquema é medir por 30 dias na mesa de café da manhã (uma medida diária) ou também à noite (duas medidas). Aí levar ao médico. Fora desses horários, só medir em algum momento “extra” se tiver algum sintoma, por exemplo. Com o evoluir do tratamento, e quando se atingiu as doses adequadas para um bom controle, uma medida por semana pode ser  suficiente.
  5. Assentar-se numa cadeira firme e confortável, bem próxima a uma mesa, com as pernas descruzadas e os pés apoiados no chão, o dorso relaxado e recostado na cadeira
  6. Se o aparelho for de braço, apoiar o antebraço na mesa, todo ele na horizontal. Se for de pulso, apoiar o cotovelo na mesa e posicionar o antebraço a 45º, para ficar na altura do coração. Em ambas as situações, sempre com a mão aberta e a palma voltada para cima. Melhor colocar o manguito sobre o braço nu, sem mangas meio arregaçadas e apertando ou garroteando o braço
  7. Os aparelhos eletrônicos costumam vir com uma imagem autoexplicativa de como colocar o manguito. O erro mais comum é colocar o sensor ao contrário, ou mesmo atrás do braço. O lugar deste é sobre a artéria braquial. Ver a imagem que é impressa no manguito.
  8. O manguito de adulto é suficiente para a maioria das pessoas adultas, sem precisar de ajustes ou adequações. O manguito de tecido tem por dentro uma bolsa inflável, que é a que vai comprimir a artéria. Os aparelhos para os adultos de tamanho médio  têm essa bolsa com 12 a 15 cm de largura, e comprimento que pode variar de 22 cm a 42 cm.

Pode acontecer de alguns braços serem muito finos, outros muito grossos. Para estes casos extremos, observar que a largura da bolsa inflável deve corresponder a 37-50% da circunferência do braço (medir com uma fita métrica o contorno do braço, a meia distância entre o ombro e o cotovelo).

Já o  comprimento dessa bolsa deve envolver toda a circunferência (dar a volta no braço)  ou pelo menos 75% dela.

  • Pessoas muito obesas podem ter o braço muito calibroso (circunferência do braço acima de 42 cm) e às vezes o manguito não se mantém fechado na insuflação. Aí temos duas opções: ou adquirir um manguito especial com medidas maiores, ou (o mais prático) usar um aparelho de pressão dos de  pulso.
  • Arritmias cardíacas como extrassístoles freqüentes e fibrilação atrial podem tornar a medida da PA e freqüência cardíaca menos precisas nos aparelhos eletrônicos.
  • Se for repetir a medição no mesmo braço, desinsuflar o manguito e aguardar pelo menos um minuto para o sangue voltar a circular normalmente . Também ajuda nesse momento abrir e fechar a mão algumas vezes.
  • Idosos, principalmente idosos frágeis, podem ter hipotensão ortostática ou postural, que é a queda da pressão sistólica (ou máxima) de 20mmHg ou mais, quando a PA é medida na posição de pé, em relação ao valor medido sentado. Também quando medir de pé colocar o braço na horizontal, ao nível do coração. Pode não se ter sintomas, ou então apresentar tonteiras ao levantar-se. Em ambas as situações comunicar ao médico. Neste caso, nos idosos, deve ser considerada como alvo a PA de pé, mesmo que a PA sentado fique um pouquinho mais alta (ex.: PA sistólica de 14 ou 15) (melhor do que ter o risco de quedas pela baixa de pressão ao levantar-se). Também considerar que os remédios que estavam controlando bem a PA por um longo tempo podem de repente se tornarem excessivos, em especial com o avançar da idade. Também pode ocorrer hipotensão postural se ocorrer redução de 5% a 10% do peso  corpóreo, desidratação, calor intenso, e associação com outros medicamentos como   antidepressivos tricíclicos, dentre outros.
  • A seguir os valores de PA de acordo com as Diretrizes Brasileiras de Medidas da Pressão Arterial – 2023. (https://doi.org/10.1590/SciELOPreprints.7057)
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Como o exercício físico melhora o cérebro

Sim, melhora, e muito! Principalmente o exercício aeróbico. Os efeitos são tanto imediatos quanto de longo prazo, incluindo o humor e o grau de atenção (foco), melhorando também a depressão e o risco de demência.

Assim, o exercício:

  1. Tem efeitos imediatos, pelo aumento dos neurotransmissores: dopamina, serotonina e noradrenalina. Após um único treino, o grau de atenção e o tempo de reação (reflexos) e o humor melhoram por pelo menos 2 horas. Treinos repetidos e rotineiros aumentam esses neurotransmissores de forma mais duradoura.
  2. Tem efeitos de longo prazo. Como? Melhorando a fisiologia, a função e até certo ponto até mesmo a anatomia do cérebro. Sim, pode aumentar o número de células no hipocampo e seu tamanho total, melhorando a memória de longo prazo.
  3. Melhora do humor e da memória, mais energia e atenção.

As áreas do cérebro mais beneficiadas pelo exercício físico são duas: a córtex pré-frontal (logo atrás da testa), essencial para a tomada de decisões, o nível de atenção e a personalidade. E os lobos temporais (um de cada lado) e anexo a estes, mais profundamente e de cada lado,  o hipocampo onde ocorrem a formação e retenção de fatos e acontecimentos. Aqui, ocorrências  que duram apenas segundos ou minutos, mas que são significativas (ex.: o primeiro beijo, o momento do nascimento de um filho) são guardadas para a vida inteira.

Se considerarmos que a córtex pré frontal e o hipocampo tem sua função favorecida com o exercício regular, e também que essas duas áreas são as mais susceptíveis às doenças neurodegenerativas  e ao declínio cognitivo do envelhecimento, podemos conjecturar que com o exercício teremos uma córtex pré frontal e um hipocampo mais protegidos ou “fortalecidos” e aí podendo-se supor que as citadas doenças ocorram de forma mais branda ou mais tardiamente.

Até mesmo após um acidente vascular cerebral, seja isquêmico ou hemorrágico, ficou demonstrado que o exercício melhora a cognição (que é a capacidade de memória, atenção e execução de funções) de um nível de acometimento leve a moderado para um nível quase normal, após seis meses de treinamento. Ou seja, a fisioterapia pós AVC, tradicionalmente feita para melhorar déficits motores, também pode ser feita com a expectativa de melhora cognitiva.

Qual o melhor tipo de exercício para ter efeito na proteção cerebral? São principalmente os aeróbicos, como caminhadas que levem a algum grau de cansaço, de 3 a 4 x por semana por meia hora. Isolados ou associados a exercícios resistivos como musculação. Já é um bom começo.

Então: vamos  fortalecer e proteger nosso cérebro?

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Novos Fatores de Risco

A cardiologia preventiva, sempre em evolução, tem buscado identificar nas pessoas que tiveram eventos cardíacos  precoces (abaixo de 55 anos) ou superprecoces (abaixo de 40 anos) o que elas tinham de  fatores de risco, que poderiam contribuir ou facilitar para o surgimento desses eventos.

Os 7 supervilões passiveis de modificação já são nossos conhecidos, e continuam sendo os principais:

  1. Colesterol alto no sangue
  2. Tabagismo
  3. Pressão alta
  4. Diabete
  5. Sedentarismo
  6. Obesidade
  7. Stress

Existem também alguns fatores não modificáveis, como a idade e o histórico familiar. Mas já foi demonstrado que se fizermos uma intervenção caprichada nos 7 supervilões, haverá uma devida compensação e atenuação desses não modificáveis .

Por outro lado, pode acontecer de algumas pessoas terem os tais eventos cardíacos precoces sem nenhum dos fatores de risco já citados acima.

Então a ciência tem procurado analisar de forma aprofundada esses casos, fazendo estudos estatísticos e de observação, tentando identificar “novos “ fatores que poderiam estar associados  ou mesmo terem um nexo causal, predispondo ou mesmo provocando diretamente eventos cardiovasculares agudos. Ressalte-se que alguns dos que vamos citar são mais comprovados, outros por enquanto apenas “suspeitos”, aguardando confirmação. Outro ponto a ressaltar é que nem todos são passiveis de modificação.

Então vamos lá:

A seguir uma lista, que não pretende ser completa, dos mais prováveis “novos suspeitos” de estarem de alguma forma contribuindo ou mesmo de serem a causa principal de um infarto ou equivalente:

Inflamação sistêmica:

  1. Gota: Observou-se que a probabilidade de ter um infarto é maior naqueles que tiveram uma crise de gota recente (até 60 dias).
  2. Doenças inflamatórias crônicas como artrite reumatóide e Lupus eritematoso sistêmico; síndrome de Sjögren; espondiloartrite (artrite da coluna vertebral).
  3. Doença intestinal inflamatória- Doença de Crohn ou colite ulcerativa.
  4. Psoríase. O risco é maior nos com lesões de pele mais severas e nos com artrite psoriásica.
  5. Focos de infecção dentária crônica podem provocar instabilidade de placas de gordura nas artérias, por uma reação inflamatória a princípio local, mas com reflexos sistêmicos.
  6. Infecções virais sistêmicas, como a influenza, podem precipitar quadros coronários agudos, instabilizando placas de gordura que até então estavam estáveis. Daí a importância da vacinação anual. Pode-se afirmar com certeza que a vacina contra gripe previne infartos.

Fatores específicos de mulheres e da infância:

  1. Diabete gestacional
  2. Pré-eclâmpsia; doença hipertensiva da gravidez. Mães que tiveram um parto com pré-eclâmpsia devem fazer uma avaliação cardiológica dez anos depois, ou então na faixa de 30-39 anos, com foco especial na pressão arterial, além dos outros fatores de risco.
  3. Ter tido um filho com baixo peso ao nascimento
  4. Ter tido um filho de parto prematuro.
  5. Menopausa precoce (antes de 40 anos) ocorrendo naturalmente ou cirurgicamente (remoção dos 2 ovários)
  6. Infecção por HPV (papilomavírus humano) em especial em obesas.
  7. Enxaqueca com aura.
  8. Trauma psicológico grave na infância e adolescência:  histórico de maior sobrecarga de adversidade psicossocial na infância
  9. Transgêneros, podendo estar relacionado a angustia e depressão, além de hormonioterapia.

     Fatores ambientais:

  1. Baixo status socioeconômico, limitadas oportunidades de estudo e trabalho
  2. Poluição ambiental: aqui não há dúvidas que causa milhões de mortes cardiovasculares por ano no mundo. Poluentes em geral, e em especial metais tóxicos como chumbo, arsênio e cádmio, que já estão comprovados em aumentar o risco de doenças cardiovasculares.
  3. Plásticos: Isso mesmo. A ingestão de micropartículas ou nanopartículas de plástico aumenta e muito o risco cardiovascular. Ao serem absorvidas e entrarem na circulação, provocarão inflamação nas artérias. Uma recomendação especial é NÃO aquecer alimentos no micro-ondas em recipientes de plástico, pois ao fazê-lo minúsculas partículas desse material serão incorporadas ao alimento e ingeridas. Preferir vasilhames de cerâmica ou vidro.

Hábitos de vida e outros:

  1. Longas horas de trabalho estressante
  2. Transtornos psiquiátricos severos (depressão e ansiedade graves, transtorno bipolar, esquizofrenia e outros).
  3. O uso regular de marijuana aumenta em até 3,8 vezes a ocorrência de DAOP (doença arterial obstrutiva periférica) em especial nas pernas, numa população mais jovem (30 a 40 anos). Também já se demonstrou maior risco de infartos e AVCs.
  4. Uso de drogas como cocaína, que provoca contração dos vasos e maior agregação plaquetária.
  5. Pular o café da manhã! Taí uma moda que muitos usam e apregoam, mas que aumenta os riscos para a saúde não só cardiovascular, mas saúde global.
  6. Consumo prolongado e em quantidades excessivas de refrigerantes tanto os adoçados com açúcar como os adoçados artificialmente.
  7. Doença renal crônica.
  8. Câncer. Um histórico de já ter tido câncer é considerado um fator de risco independente, tão importante quanto diabete, por exemplo. Naqueles que se enquadram neste quesito, os fatores de risco modificáveis devem ser controlados na maior intensidade possível, como uma forma de compensação.

Em resumo:

Muitos desses achados necessitam estudos mais amplos para se avaliar o seu peso real no risco global do paciente.

Alguns já tem um bom embasamento, como poluentes, outros são achados de correlação de dados estatísticos, ou mesmo simulações de computador.

Vários destes são situações de maior estado inflamatório sistêmico, e a inflamação das placas de gordura nas artérias já foi demonstrada como um fator precipitante de infartos.

Outros podem levar a desarranjos metabólicos, inclusive hiperglicemia. Ainda outros podem se relacionar com excesso ou falta de hormônios.

Até que esses “novos vilões” sejam melhor estudados e sua real importância pesada na “balança de risco”, dessa lista aí já podemos fazer alguma coisa. Se for identificado um desses novos fatores e a pessoa já tiver um dos 7 vilões clássicos, ela deve controlar esses últimos da melhor maneira possível.

E fazer outras intervenções saudáveis, como por exemplo fugir ao máximo da poluição, não usar drogas, intercalar horas de trabalho com alguns momentos de relax, diminuir bastante o consumo de refrigerantes em geral e evitar pular o café da manhã .

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Ajudar os outros faz bem pra nossa saúde?

Um artigo da prestigiosa Cleveland Clinic defende que ajudar os outros, além de beneficiá-los,  estimula positivamente nossos corações e mentes.

Então aquele calorzinho que sentimos no peito ao doarmos  algo ao nosso próximo é benéfico pra nós mesmos! Sim, tem ciência nisso! Quando doamos algo, seja um presente, nosso tempo e atenção, ou qualquer outra forma de ajuda, nosso organismo secreta os “hormônios do bem”.

  1. Serotonina, que dá um “up” no humor.
  2. Dopamina, que dá uma sensação de prazer.
  3. Ocitocina, que cria um senso de conexão com os outros.

Na fisiologia, isso significa:

  1. Redução da pressão alta.
  2. Aumento geral da sobrevida
  3. Redução dos níveis de cortisol, o hormônio do stress.
  4. Aumento da auto-estima e redução da depressão, através do estímulo do circuito mesolímbico, que é a  via de recompensa do cérebro, e da liberação de endorfinas

E doação não significa necessariamente bens ou dinheiro. . Aliás, nesses casos nem sempre sentimos ou vemos o resultado imediato  da nossa doação. Alguns dos melhores presentes podem ter custo zero. Ao dedicarmos algum tempo ou habilidade para alguém, de forma espontânea e prazerosa, sentimos logo os benefícios dessa ação. Aquela história de “ajudar a velhinha a atravessar a rua” é um exemplo simples e objetivo                          .                          

Os dois lados percebem de imediato o benefício da gentileza, e se sentem mais engajados e felizes.

Todos temos alguma habilidade que outros não tem. Se ensinamos ou repassamos essa habilidade, ou a usamos pra beneficiar alguém, será um benefício ao mesmo tempo prazeroso e barato. E de um significado e lembrança maiores  do que qualquer coisa que se acha numa prateleira de loja.  Servir pode ser melhor do que simplesmente doar.

Um estudo feito com adolescentes mostrou claramente a ligação entre serviço ao próximo e menos depressão. As atitudes chamadas “pró-sociais” estimulam melhores relacionamentos com amigos e familiares, e desperta valores como esperança, persistência, gratidão e auto-estima. E  tudo isso contribui para diminuir os níveis de depressão. Para os jovens isso é especialmente importante, pois protege contra sentimentos de inutilidade, gera um senso de propósito e  estabelece  um auto-conceito que os faz se sentirem valiosos e necessários para outras pessoas. E reduz o risco de envolvimento com jovens de comportamento problemático .

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Alguns Hábitos Protetores da Saúde

Exercícios e câncer

Já se sabe que exercícios regulares ajudam a prevenir a incidência de câncer (primeiro episódio) e também, uma vez tratado, a reduzir o risco de recorrência. Ainda não sabe com certeza o mecanismo envolvido neste benefício, apenas se sabe que funciona.

Um estudo recente demonstrou outra vantagem das atividades físicas, agora sobre as pessoas já portadoras de câncer. Feitas de forma regular elas  ajudam a reduzir o risco de formação de metástases, e também, se já estiverem presentes , a sua progressão.

Visitas freqüentes a espaços verdes.

Um estudo feito na Finlândia mostrou que moradores de cidades  que saem de casa e freqüentam espaços verdes, como parques, praças e afins, necessitam doses menores de medicamentos como ansiolíticos e antidepressivos,  e também remédios para pressão alta e asma. Ressalte-se que não se avaliou se as pessoas faziam exercícios ou não, apenas se freqüentavam estes espaços.

Curioso é que se comparou com aqueles que moravam nos limites dos parques e que apenas observavam as áreas verdes da janela de casa; estes  não tiveram qualquer benefício.

Existe uma crescente evidência científica sobre os benefícios à saúde dos cidadãos urbanos de se exporem à natureza. Esses benefícios são mais evidentes quanto à saúde mental, cardiovascular e respiratória.

Outro estudo desta vez americano, feito por cientistas de Harvard, em idosos urbanos (acima de 65 anos) portadores de doenças de Parkinson e Alzheimer mostrou naqueles com exposição frequente a áreas verdes, uma redução da necessidade de internação devida a complicações dessas patologias.

Seis hábitos saudáveis que podem diminuir o declínio senil da memória

Nossa memória diminui continuamente à medida que envelhecemos; isso não significa necessariamente um estado “pré demência ou pré Alzheimer”. E esse declínio pode ser minimizado por 6 hábitos de vida saudável, de acordo com um estudo que envolveu quase 30 000 pessoas na China, acompanhadas por 10 anos. A média de idade dos participantes era ao inicio de 72 anos; portanto ao término era de 82.

Observou-se que aqueles que tinham certos hábitos saudáveis apresentaram menor declínio de memória.

Foram identificados 6 hábitos que serão listados pela ordem de maior para menor efeito protetor na memória.

  1. Dieta saudável: foi a campeã do estudo. É nossa velha conhecida: pouca gordura e sal, pouca comida industrializada, incluir carnes brancas e peixes, azeite de oliva, nozes e cinco frutas ou hortaliças por dia.
  2. Atividade cognitiva ativa: trocando em miúdos, exercícios de memória  em geral.
  3. Exercício físico regular: ocupa um honroso terceiro lugar, e os benefícios vão bem além de proteger a memória
  4. Contato social ativo. Exemplos: contatos com familiares, em grupos de terceira idade, em atividades filantrópicas e religiosas.
  5. Não fumar (ou abstenção para os que fumavam)
  6. Abster-se de bebida alcoólica. Esse aí teve um efeito protetor fraco (oito vezes menor que o primeiro lugar) e foi bastante contestado por muitos dos participantes por vários motivos.

Então vamos exercitar nossa memória, não esquecendo de aderir todo dia a um ou mais desses hábitos citados.

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Usar saleiro à mesa?

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Um estudo epidemiológico feito na Universidade de Harvard em conjunto com pesquisadores da Suíça revelou um dado simples mas nem sempre óbvio: 

Usar saleiro à mesa pode custar alguns anos de vida. 

O excesso de sal tem sido alvo de controvérsias quanto ao seu real prejuízo à saúde. Isso porque estudos conflitantes mostraram dificuldades metodológicas em medir a quantidade total de sal ingerida por dia. Diante disso, esse estudo simplificou o método. Ao invés de tentar medir o sal total , simplesmente perguntaram para 500 000 pessoas quais tinham o costume de adicionar sal à comida já preparada usando saleiro à mesa, e quais não o faziam. Assim manteve-se em todos o sal adicionado na cozinha e mais aquele já presente em alguns alimentos. Só variou aquele adicionado pelo saleiro, com a comida já no prato. Após 9 anos de acompanhamento, os resultados foram surpreendentes:

1. A turma do saleiro teve 28% mais risco de morte prematura (definida como ocorrendo antes dos 75 anos de idade.

2. Também tiveram uma expectativa de vida (na faixa de 50 anos de idade) reduzida em 1,5 anos para as mulheres e 2,28 anos para os homens

3. O aumento se deu principalmente por eventos cardiovasculares, especialmente AVC

4. Estes efeitos negativos foram atenuados naqueles que ingeriam grande quantidade (pelo menos 5 porções por dia) de frutas e hortaliças, provavelmente pelo potássio contido nesses vegetais, e que se contrapõe ao sal.

Ficou também demonstrado fazendo essa mesma pergunta a uma grande população geral (usa saleiro à mesa?) que os “salgadores” tem mais risco a longo prazo de desenvolver insuficiência renal crônica.

Um outro estudo feito em 32 países e com várias populações mundo afora mostrou uma relação direta entre o consumo de sal e o desenvolvimento de pressão alta. E uma relação inversa com a ingestão de potássio. (Mais potássio na comida, menos pressão alta) 

Os campeões? Os nossos índios ianomâmi que não comem sal, não tem pressão alta e tem o costume de temperar a comida com cinzas, que tem bastante potássio. Aliás, até os seus mortos são cremados e as cinzas deles ingeridas, para que assimilem as virtudes do falecido. Já o título de mais comilões de sal ficou com os chineses de Tianjin, que aliás é uma região produtora de sal desde a China Imperial. Como era de se esperar havia uma elevada prevalência de pressão alta.  O governo dessa região inclusive promove iniciativas públicas e campanhas  para redução de  sal ingerido.

Em resumo uma maneira saudável de aumentar o potássio é comer frutas e hortaliças , cinco porções por dia. E nas raras situações em que se teima em usar (um pouco) o saleiro, enchê-lo com sal dietético (vendido nas farmácias) , que é meio a meio (metade cloreto de sódio, que é o sal de cozinha, e metade cloreto de potássio).    Mas no dia a dia NÃO usar o saleiro!

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A Importância Para a Saúde de Uma Boa Noite de Sono

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Desde 2010 a Associação Americana de Cardiologia tem um programa de preservação de saúde cardiovascular de 7 pontos (Life’s Simple Seven) que incluía cuidados com:

  1. Dieta saudável
  2. Atividade física regular
  3. Exposição à nicotina (incluindo fumantes ativos e passivos e cigarros eletrônicos)
  4. Sobrepeso e obesidade
  5. Gorduras do sangue (colesterol e triglicérides)
  6. Glicose no sangue (pré-diabete e diabete)
  7. Pressão alta

Estes tópicos foram mantidos anualmente até que neste ano de 2022, aquela instituição decidiu  incluir um oitavo item considerado em igualdade de importância com os anteriores: uma boa noite de sono.

E sugere dormir de 7 a 9 horas por dia para a maioria das pessoas adultas, sendo que crianças e adolescentes precisam de mais:

de 2 a 5 anos de idade : precisam de 10 a 16 horas de sono em cada 24 horas;

de 6 a 12 anos: de 9 a 12 horas de sono;

e de 13 a 18 anos: de 8 a 10 horas por dia.  

O nome do programa foi então mudado para Life’s Essential 8.

Fonte: The American Heart Association’s Life’s Essential 8™ 
Life’s essential 8: updating and enhancing the American Heart Association’s construct of cardiovascular health: a presidential advisory from the American Heart Association. Circulation. 2022

A duração do sono passa então a ser considerada como um componente essencial para uma boa saúde do coração e cérebro. Como se vê na imagem, em igualdade de importância com os outros fatores de risco anteriormente defendidos para uma boa saúde . E qual o motivo dessa mudança? Porque está cada vez mais claro que o sono inadequado afeta a saúde, incluindo aí a saúde cardio-metabólica. E que há uma forte conexão mente-coração, ou cérebro-coração.

Concluiu-se que o parâmetro  sono se adiciona aos sete anteriores já classicamente testados e mensurados, citados acima no programa original de 7 pontos.

Os benefícios de um sono adequado incluem:

  1. Reparação de células, tecidos e vasos sanguíneos
  2. Fortalecimento do sistema imunológico
  3. Maior criatividade e produtividade
  4. Melhor humor e energia
  5. Melhor saúde cerebral, incluindo estado de alerta, tomada de decisão, foco, aprendizado, memória, e capacidade de argumentação e solução de problemas
  6. Crescimento e desenvolvimento saudável para crianças e adolescentes
  7. Melhor habilidade muscular
  8. Reflexos mais rápidos
  9. Menor risco de doenças crônicas

Sono inadequado pode aumentar o risco de:

1. Doença de Alzheimer

2. Doença cardiovascular

3. Declínio cognitivo e demência

4. Depressão

5. Diabete

6. Pressão alta

7. Colesterol alto

8. Infecções

9. Obesidade

Sono inadequado pode provocar :

1. Acidentes

2. Problemas respiratórios

3. Desbalanço hormonal

4. Problemas de memória e cognição

5. Aumento do apetite e alimentação não saudável

6. Inflamação

7. Stress

8. Ganho de peso

A conclusão ? : algumas pessoas acham que dormir é perder tempo. Pois agora ficou claro que dormir é ganhar saúde! Um bom sono pra todos!

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Pacientes cardiológicos e a atividade sexual

Veja o vídeo no YouTube: https://youtu.be/XhZUgOu7Dd0

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A atividade sexual é um esforço considerado moderado. Além do esforço físico, o estímulo proveniente da excitação sexual aumenta a frequência cardíaca. Estudos mostraram que o exercício nesses casos é o mesmo do que subir dois lances de escada. A aptidão para caminhar 2 a 2,5 km em meia hora é perfeitamente compatível com a atividade sexual habitual. Os batimentos cardíacos elevam-se para 115 a 120 por minuto. Perfeitamente realizável, portanto, pela maioria dos cardíacos, desde que não estejam em fase de instabilidade ou não tenham tido um ataque cardíaco recente, quando então deverão passar necessariamente por uma reavaliação médica. Já os toques, abraços e carícias são maneiras de expressar amor e intimidade que aumentam muito pouco o trabalho do coração.

  É importante procurar posições mais confortáveis como ficar de lado (apoiando-se em travesseiros) ou com o parceiro que é cardíaco ficando por baixo. Ficar por cima implica em apoiar o peso do corpo nos braços ou ombros e com isso mais esforço físico (esforço isométrico, inadequado para cardíacos).

  Pessoas com problemas de coração devem evitar relações sexuais logo após uma refeição substancial (aguardar de 1 a 3 horas, dependendo da refeição), ou logo após tomar mais do que uma ou duas doses de bebida alcoólica.

  Devem também evitar manter relações em situações e lugares em que não estejam emocionalmente preparados e tranqüilos, e evitar ambientes excessivamente quentes ou frios. A resposta cardiovascular à atividade sexual depende da soma dos fatores psíquicos e físicos em jogo. A ansiedade decorrente de uma relação extraconjugal pode ser especialmente problemática.

  Se estiver cansado por qualquer motivo, repousar primeiro até se sentir bem, “desligando-se” do ritmo e das preocupações do dia, antes de iniciar o ato sexual. Se ocorrer dor no peito, respiração excessivamente ofegante ou palpitações exageradas durante o ato, deve-se parar e repousar e, se for o caso (se continuar não se sentindo bem), não ter vergonha em propor francamente ao parceiro que adie para outra oportunidade. Se necessário (principalmente se os sintomas permanecerem por mais que 10 a 15 minutos), comunicar-se com o médico. Após um evento cardíaco maior (infartos, cirurgia cardíaca, etc.) o médico libera o paciente, na maioria das vezes, para manter relações sexuais entre quatro a seis semanas após o evento.

  Casos com boa evolução podem ser liberados tão logo se sintam aptos e dispostos, usando-se para isto o teste ergométrico, que é um bom método para se prever a   tolerância a uma relação sexual em pacientes cardíacos.

 A pessoa que está se recuperando de um ataque cardíaco pode se sentir no início insegura, incapaz, deprimida e ansiosa, necessitando de grande entrosamento com o parceiro.       Casais que mantinham um relacionamento sexual estável terão maior facilidade na retomada desse tipo de atividade. Já os casais que tinham conflitos e situações de tensão ao manterem relações, terão esse reinício de forma mais complexa.

  O ato sexual é uma situação de certo modo ansiogênica (geradora de tensões e expectativas), e conversas preliminares e carícias contribuirão para reduzir a ansiedade.

    Se homens cardíacos usarem medicação para disfunção erétil, discutir os detalhes de uso com o médico, em especial sua interação com  álcool e outros medicamentos.

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Ter um pet faz bem pra saúde?

Veja o vídeo no YouTube: https://youtu.be/GvyycS5xLXU

Canal: http://youtube.com/@clinidac

Ter em casa e cuidar diariamente de um pet pode diminuir o declínio cognitivo nos idosos  acima de 65 anos, num estudo que durou 6 anos.  Cognição é a capacidade de aprendizado e memória.

Já se sabia dos benefícios de ter e cuidar de um cão sobre  a saúde geral  e também da saúde cardiológica como melhora  da hipertensão arterial e do colesterol alto, provavelmente decorrentes de maior atividade como levar para caminhar.

Mas dessa vez se demonstrou também um benefício neurológico. Houve uma menor redução da perda cognitiva ao longo dos anos naqueles que cuidavam de um cão ou gato, neste grande estudo patrocinado pelo Instituto Nacional de Saúde americano.

Então, além de uma  uma melhora na saúde geral, pela primeira vez se detectou um ritmo menor de redução da perda de memória e capacidade de aprender coisas novas que pode ocorrer com a idade.

O nexo causal não é muito claro, mas alguns fatores são óbvios e os mesmos: maior movimentação física em casa e uma motivação extra em sair para uma caminhada. E no caminho interação com outros pets e socialização com seus donos. Com isso haveria alívio da solidão e depressão, que são fatores de risco para piora cognitiva. Um vínculo de afeto, no caso dos gatos, também melhoraria a solidão e a depressão

Já se observou também uma redução do nível de cortisol (que é o hormônio do stress) e também melhora do humor. Um pet exige um senso de disciplina e se acostuma com os horários, inclusive as horas de sair de casa; e ele mesmo chama e motiva o dono.

Apesar de gerar um trabalho extra, pode trazer alegria extra. Para idosos frágeis e acamados, uma companhia permanente.

Esses achados foram comprovados por um estudo científico rigoroso e bem controlado; no entanto o benefício (ou não) de ter um pet  pode variar muito em cada caso, mas fica a sugestão de se tentar, principalmente na situação de idosos solitários.

Esses achados foram comprovados por um estudo científico rigoroso e bem controlado; no entanto o benefício (ou não) de ter um pet  pode variar muito em cada caso, mas fica a sugestão de se tentar, principalmente na situação de idosos solitários.

Esses achados foram comprovados por um estudo científico rigoroso e bem controlado; no entanto o benefício (ou não) de ter um pet  pode variar muito em cada caso, mas fica a sugestão de se tentar, principalmente na situação de idosos solitários.

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Azeite de oliva faz bem mesmo?

Veja o vídeo no YouTube:https://www.youtube.com/watch?v=Cgic0bv25lw

Canal: http://youtube.com/@clinidac

O azeite de oliva é parte importante da dieta mediterrânea, que é sinônimo de alimentação saudável. Volta e meia aparecem estudos pra determinar se o azeite está com essa bola toda mesmo. E ao que tudo indica ele tem resistido à prova do tempo. Textos e escritos antigos de milhares de anos já mencionam o azeite não só como alimento mas para várias outras utilidades, como iluminação, unção em cerimônias e rituais religiosos e como remédio, pra se passar em feridas. Longevidade é com as oliveiras. No Líbano tem uma que se acredita que tenha seis mil anos, ainda produzindo!

Um grande estudo recente tenta mais uma vez abordar os benefícios do azeite de oliva pra saúde E  esse estudo foi grande mesmo: 90 000 participantes nos Estados Unidos (onde o consumo desse azeite é baixo, comparado aos países mediterrâneos) acompanhados durante 28 anos! Eram profissionais de saúde (mais fáceis de serem acompanhados a longo prazo) com idade média de 56 anos. Ora, como entraram com média de 56 e daí em diante foram acompanhados  por 28 anos, era de se esperar que muitos iriam morrer naturalmente, devido à faixa etária dos que entraram no estudo e à duração dele. ( 56 + 28 = 84 anos) (mais de 36 000 morreram).

Foram comparados 2 grupos: um que não consumia azeite de oliva, e outro que consumia por dia pelo menos  meia colher das de sopa, ou  7 gramas de azeite.

A turma do azeite teve 19% menos risco de mortalidade total, e também os mesmos 19% de redução de mortalidade cardiovascular, mortalidade por câncer e doenças respiratórias crônicas  e incríveis 29% menos risco de morrer de doenças neurodegenerativas (Alzheimer, Parkinson e esclerose múltipla).

Neste estudo o azeite era usado tanto na mesa (saladas, puro com pão) como na cozinha (assar, fritar, sauté). Todos os tipos foram usados, não só o extra virgem. A diferença mais gritante era entre aqueles que consumiam o azeite no lugar de manteiga, margarina e outros produtos lácteos, como requeijão. Não era tão evidente quando era usado no lugar do azeite de oliva outros óleos, como milho soja e canola.

Do ponto de vista de saúde pública, o que chama mais atenção é que apesar de ter sido estudado como um óleo cardiologicamente correto, o efeito maior foi nas doenças neurodegenerativas (Alzheimer, Parkinson e esclerose múltipla).  O que abre espaço para novas pesquisas com foco específico nestas patologias, tão importantes quanto as cardíacas, principalmente se considerarmos a atual falta de medidas preventivas nesse grupo de doenças.