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À medida que melhoram os cuidados básicos de saúde, a expectativa de vida da população aumenta. No Brasil, de acordo com o IBGE, a expectativa média de vida hoje é de 76,8 anos, sendo que já se situou há décadas na faixa dos 50 e até mesmo na dos 40 anos! Alguns subgrupos populacionais no nosso país têm uma expectativa semelhante à dos países do primeiro mundo. Na Europa, é em média 82 anos, e o campeão, o Japão, tem para homens 86 e para mulheres 90, média de 88 anos.  Prevê-se que no ano 2050 haverá mais idosos do que jovens no mundo.

Se uma pessoa morresse apenas por envelhecimento, estima-se que sua expectativa média de vida seria de  120 anos. Cada vez mais se observam pessoas na sétima ou oitava décadas de vida com uma aparência e hábitos saudáveis, sem maiores problemas de saúde ou doenças incapacitantes.

A própria definição de “idoso” é complexa, pois inclui idade cronológica e biológica. O saudoso professor E. J. Zerbini, que teve vida ativa e produtiva até idade avançada, dizia que “velho é quem tem 10 anos a mais do que a gente”.

Envelhecer é um processo que envolve tanto a mente quanto o corpo.

Em princípio, as pessoas de idade avançada devem aderir às recomendações para a vida saudável aplicáveis a todas as pessoas , respeitadas as limitações óbvias. Deve-se no entanto usar do bom senso, pois o objetivo não é tentar-se milagrosamente prolongar a vida. Afinal, o idoso já provou que consegue viver muito. A prioridade, é buscar uma vida saudável, com melhor qualidade; e, se possível prolongar estes anos de vida saudável. Neste contexto, não se aconselha submeter o idoso a dietas e restrições draconianas, já que ele tem reduzidas suas opções de lazer e prazer. A população de idosos é bastante heterogênea, e deve ser avaliado caso por caso.

“Ela pôs-se a rir secretamente:

‘Velha como sou, disse ela consigo mesma,

conhecerei ainda o amor?…’”

Sara,  em Gênesis 18:12.

Os idosos, assim como toda a população, não devem fumar, e devem usar bebidas alcoólicas (se usarem) com parcimônia.

Os exercícios serão obviamente menos intensos, mas deve-se encorajar alguma atividade física (a menos que haja restrição absoluta) mesmo num nível mais baixo. Por exemplo, andar 1000 metros ou 500 metros, desde que não haja contraindicação formal. Mesmo nestes níveis restritos, o exercício é importante não só para a saúde física, mas também para a saúde mental e emocional.

O exercício regular no idoso pode ajudar a melhorar as funções mentais, diminuir a osteoporose, ativar a circulação sanguínea, melhorar a flexibilidade, a força muscular, e a agilidade e destreza para realizar as atividades do dia-a-dia, além de minimizar o risco de quedas.

Estudos recentes mostraram que a fraqueza muscular no idoso pode melhorar significativamente com exercícios associados  a suplementação nutricional.

Continua sendo importante controlar o colesterol, naqueles que já tiveram algum diagnóstico de doença cardiovascular aterosclerótica, pois tem sido demonstrada estabilização da placa de ateroma com tratamento adequado. Medicamentos para baixar o colesterol são avaliados individualmente, devido a maior chance de intolerância e a risco de interação negativa com outros medicamentos frequentemente usados nesta faixa etária.

Leva-se em conta ainda a motivação do paciente, e o seu estado geral de saúde.

Não só na área cardiológica, mas no contexto geral da medicina, remédios usados por idosos devem ter sua utilidade, real necessidade e relação risco/benefício reavaliada de modo crítico e de tempos em tempos, e a qualquer momento em que se inicia o uso de um novo medicamento.

Quando pacientes de idade avançada fazem uso de medicação anti-hipertensiva, devem iniciar com a menor dose possível, levando-se em consideração que têm maior tendência a oscilação de PA e variabilidade de valores no decorrer do dia. Problemas intercorrentes, como diarreia, febre, desidratação, uma gripe forte ou mesmo permanência prolongada no leito podem indicar uma redução ou suspensão temporária dos remédios para a pressão, especialmente diuréticos.

A depressão é comum nesta faixa etária, e pode afetar seriamente a saúde física e mental.

“Por que te deprimes, ó minha alma,

E te inquietas dentro de mim?”

Salmos 41:6.

O idoso pode desenvolver depressão, às vezes tendo como principal manifestação sintomas físicos, e de diagnóstico nem sempre fácil. Familiares devem observar mudanças importantes na rotina, nos hábitos e no comportamento, que podem fazer suspeitar de depressão, incluindo desinteresse para as atividades antes consideradas prazerosas e lapsos frequentes de memória. Pode haver importante sofrimento psicológico, com prejuízos na vida familiar e social.

A depressão aumenta o risco cardiovascular; as pessoas que já tiveram problemas cardíacos e estão deprimidas têm chance 3 a 4 vezes maior de ter novos problemas do coração, do que as não deprimidas. E aqueles deprimidos que nunca tiveram problemas cardíacos têm mais risco de ter o primeiro infarto ou derrame, do que os não deprimidos. Geralmente há a necessidade do uso de antidepressivos; caso sejam prescritos, o acompanhamento deve ser rigoroso, devido à maior chance de efeitos colaterais na área cardiovascular.

Durante o tratamento, além do médico, pode haver a necessidade de uma “equipe de apoio”, incluindo familiares, amigos ou paramédicos.

Um quadro depressivo às vezes tem causa aparente (ex.: morte do cônjuge ou outras perdas, infarto, cirurgia cardíaca, derrame). Mas muitas vezes acontece sem qualquer motivo que o justifique. Fatores hereditários (familiares), intracerebrais (metabólicos) e situacionais (como econômicos, afetivos, etc.) podem agir isolados ou associados.

“Apertou em mim aquela tristeza, da pior de todas,

que é a sem razão de motivo…”

Guimarães Rosa,

em Grande Sertão, Veredas

Algumas das características seguintes, se persistentes (por algumas semanas), devem ser informadas ao médico, pela possibilidade de se estar diante de uma depressão:

  • tristeza, inquietação, ansiedade e sensação de desamparo, de inutilidade ou de vazio;

  • piora do quadro pela manhã, com alguma melhora no decorrer do dia;

  • desesperança e pessimismo quanto ao futuro;

  • diminuição da capacidade de sentir prazer e gosto pelas coisas;

  • desinteresse sexual;

  • lentidão de raciocínio e dificuldade de atenção e memória, principalmente em guardar fatos novos, como o que acabou de ler ou de ver na TV;

  • dificuldade de concentrar-se e de tomar decisões, mesmo banais;

  • imaginação de estar com doenças graves, ou de ser um peso para a família;

  • falta de energia e de vontade quanto aos cuidados pessoais, como tomar banho ou barbear-se;

  • insônia, despertar precoce pela manhã, ou sono excessivo;

  • diminuição ou aumento excessivos do apetite e peso;

  • queixas de sintomas físicos persistentes, sem uma causa evidente, como dor de cabeça, distúrbios gástricos ou intestinais e dor crônica.

Qualquer que seja o caso, uma vez instalada a depressão, deve-se buscar auxílio médico. Pouco adiantam (e às vezes chegam a ser prejudiciais), pressões para que o paciente “reaja e encare as coisas como são”. É preciso ter em mente que a pessoa não tem culpa de estar deprimida. Simplesmente não consegue sair sozinha, sem ajuda, desta situação.

A aposentadoria pode ter um efeito variável na saúde do idoso. Para alguns, representa o fim de uma vida útil e produtiva. Para outros, uma simples mudança de papéis, em que se passa de uma atividade obrigatória e estressante, para outra, voluntária, útil aos familiares, à comunidade ou a si mesmo. Ou mesmo remunerada, porém mais suave, em tempo parcial.

O envolvimento em alguma atividade gratificante após a aposentadoria pode representar uma motivação a mais para se ter cuidados pessoais, de dieta, exercícios e hábitos saudáveis, e tratamento médico adequado, o que pode significar anos extras de vida. Novos projetos de vida e o relacionamento com novas pessoas estimulam o psiquismo, melhorando a memória e o raciocínio.

O aprendizado de alguma coisa diferente, como um curso interessante, atividades como jardinagem ou mesmo algo rentável, além de programas voluntários de ajuda, são alguns exemplos de motivação para o idoso.

Pessoas de idade que se envolvem em um relacionamento afetivo, incluindo contato físico afetuoso e saudável, mesmo que não signifique necessariamente contato sexual, têm melhor equilíbrio emocional, com reflexos na saúde como um todo.

“Qualquer amor já é um pouquinho de saúde.”

Guimarães Rosa,

em Grande Sertão, Veredas

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