O Conceito CliniDAC

``Coração,meu tambor do peito,
meu amigo cordial``

O Conceito

CliniDAC

“Ma sa laa ch’ool”

(Como está seu coração?)

          Saudação em q’eqchi’, língua maia falada nas montanhas da Guatemala

O conceito CliniDAC surgiu das evidências mais modernas sobre a evolução do tratamento das doenças das coronárias.

Nos primórdios da cardiologia, o tratamento era só com remédios, e mesmo assim para aliviar sintomas como angina (nitratos) ou os decorrentes da insuficiência cardíaca (diuréticos e digitálicos).

Não havia ainda nenhuma perspectiva de se prolongar a sobrevida dos pacientes, apenas aliviar sintomas.

Nos anos 60 surgiu a famosa cirurgia de ponte de safena, que dependendo das obstruções poderia aliviar sintomas ou nos casos graves prolongar a sobrevida.

Então veio a angioplastia e com ela os stents, que tiveram vários estágios de evolução. Mostraram que podem também prolongar a sobrevida nos casos agudos (de infarto do miocárdio nas primeiras horas). Mas nos casos estáveis, fora do contexto do infarto agudo, não mostraram diferença na sobrevida dos pacientes em que se optou por tratar apenas com remédios, com resultados semelhantes quanto ao alivio dos sintomas.

Então, paralelamente a esses tratamentos dito invasivos, foram surgindo estudos com medicamentos modernos, que se mostraram muito eficazes em fazer as pessoas viverem por mais tempo, além de viverem melhor.

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As cirurgias de ponte de safena e similares são para os casos com obstruções muito graves, e que em geral envolvem o tronco principal da coronária esquerda.

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As angioplastias coronárias com stents estão melhor indicadas para os casos agudos, como nas primeiras horas do infarto.

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Essas duas intervenções citadas, chamadas invasivas, ainda podem ser úteis em alguns casos de anginas ditas refratárias, que não respondem ao tratamento máximo com remédios.

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Para todos os outros casos de obstruções das coronárias, que aliás são a maioria, o resultado do tratamento medicamentoso é igual ao do invasivo, com a vantagem de ter menos riscos e custos

O tratamento clínico atual, que inclui medicamentos modernos, receitados de forma individualizada, tem resultados iguais no alivio  de sintomas, quando comparado com os procedimentos ditos invasivos, com a vantagem óbvia de não ter os riscos inerentes àqueles procedimentos.

A evolução e o maior entendimento sobre o tratamento clínico moderno tem levado cada vez mais a uma “personalização” desse tratamento.
As pessoas são diferentes e as causas da aterosclerose podem variar entre elas, envolvendo fatores genéticos, ambientais e de hábitos de vida. 

Isso sem falar que mesmo os que fizeram os tratamentos invasivos tem também que continuar fazendo o tratamento clínico (basicamente medicamentoso) não invasivo. Ou seja, todos os que tem algum grau de obstrução coronária são beneficiados com o tratamento clínico.

Outra vantagem adicional do tratamento clínico é que, ao contrário do invasivo, que só visa melhorar a situação naquelas lesões abordadas num local específico,  serve também para tratar obstruções que porventura coexistam em outras artérias do organismo.

Por exemplo, podem coexistir obstruções (muitas nem detectadas) nas artérias do coração junto com as das pernas, do pescoço (as carótidas, que levam sangue para o cérebro), as artérias renais e  outras. Já há atualmente até mesmo a proposta de uma “medicina panvascular”.

O tratamento medicamentoso estende seu beneficio para todos os vasos do organismo, existe desde o início da cardiologia e  está sempre se aperfeiçoando.

“No mais, mesmo, da mesmice, 

sempre vem a novidade” 

Guimarães Rosa

A evolução e o maior entendimento sobre o tratamento clínico moderno tem levado cada vez mais a uma individualização ou customização desse tratamento.

Isso porque as pessoas são obviamente diferentes, e as causas da aterosclerose podem variar entre elas, envolvendo fatores genéticos, ambientais e de hábitos de vida.

Não existe uma “receita de bolo” pronta, desses que são vendidos nas mercearias. Cada pessoa tem a sua “receita de bolo” individual.

O conceito CliniDAC visa exatamente isso.

Identificar e tratar os “desvios” de cada um, da forma mais individualizada e customizada possível. Estes “ desvios” levam a maior risco de desenvolver pela primeira vez uma obstrução arterial (aí fazemos a prevenção primária) ou a novas obstruções com  suas complicações naqueles que já tiveram (aí a prevenção secundária).

Alguns nomes comerciais de produtos aparecem no texto, quando julgado necessário, não existindo qualquer vínculo entre CliniDAC e os fabricantes.

O objetivo foi apenas facilitar a vida do usuário, ao identificar o produto.

Existe hoje uma quantidade enorme de informações sobre o tema “saúde”, principalmente na TV e internet. A qualidade varia de excelente a muito ruim, podendo esclarecer mas também criar confusão.

“Onde está o conhecimento, 

que se perdeu, 

no meio de tanta informação?”

T.S. Eliot

Um dos objetivos é resumir as informações mais confiáveis, centradas no tema vida saudável, especialmente na prevenção de doenças cardiovasculares, que são em conjunto “o inimigo público número 1” do mundo civilizado.

Mudar hábitos é uma das coisas mais difíceis que existem. Se os hábitos são saudáveis, ótimo. Se não o são, como fumar, beber em excesso, comer com muito sal, gordura ou açúcar ou assistir inúmeras horas de TV consecutivas, levando ao sedentarismo, mudá-los constitui um desafio.

Pretende-se não só motivar o leitor a interromper hábitos nocivos, mas substitui-los por hábitos saudáveis. Por exemplo, ao invés de fumar, fazer uma caminhada. O estímulo para se caminhar reforça o estímulo para se parar de fumar.

A medicina do futuro será basicamente preventiva. A cardiologia do futuro, também.

Guimarães Rosa, em ``Grande Sertão, Veredas``

“Eu quase que nada não sei.

Mas desconfio de muita coisa”.