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Pode parecer mas não são a mesma coisa.

Até há alguns anos atrás, pra se saber quantas vezes  o nosso coração batia por minuto, só palpando o pulso e contando, ou às vezes medindo no aparelho de pressão eletrônico. Atualmente é cada vez mais fácil saber os batimentos cardíacos, com os oxímetros de dedo e os relógios tipo smartwatches.

Pois bem, com essa informação agora literalmente disponivel na ponta dos dedos, ou na palma da mão, muitos tem ficado preocupados com os números mostrados e o que significam, e às vezes até ligam para o seu médico apavorados.

Por definição, a faixa normal dos batimentos do coração com a pessoa estando em repouso é de um mínimo de 60 e no máximo 99 batimentos por minuto. Se em algum momento estiver em 100 ou mais, chamamos taquicardia. Simples assim. Independente de a pessoa estar ou não sentindo os batimentos.

Quando sentimos o coração batendo chamamos palpitações, independente de ele estar acelerado ou não. Isto porque em geral não sentimos o coração batendo o tempo todo (seria muito incômodo, não?)  Apesar de ele bater sim o tempo todo, desde antes de nascermos (na terceira semana de vida intra-útero já está dando seus primeiros batuques) até o último suspiro de vida. Alguns funcionam ininterruptamente por mais de um século! Que máquina maravilhosa é essa!

Ás vezes sentimos o coração batendo na vida normal (palpitações) em situações comuns no dia a dia como exercícios, emoções, paixões, sustos… Nessas situações geralmente ele está também acelerado, que é a taquicardia.

Quando temos a sensação de falhas nos batimentos do coração, chamamos de palpitação arrítmica. Aí sim vale a pena ir ao cardiologista e fazer um eletrocardiograma (ECG). Nesses casos é comum serem encontradas extrassístoles. Cada batimento normal é uma sístole. Batimentos extras são as extrassístoles, que às vezes podem ter como origem algum problema cardíaco (causas cardíacas) . Mas que na maioria dos casos a causa é algum estímulo externo ao coração (causas extracardíacas) como cigarro, café, bebidas alcoólicas, energéticos e mesmo a ansiedade com liberação de adrenalina em excesso. Se a origem for intrínseca ao coração a causa básica tem que ser diagnosticada e tratada. Se for extrínseca, o melhor a fazer é identificar e eliminar o estímulo ou gatilho, raramente havendo necessidade de medicamentos.

“Meu coração ‘tá pisado.

Metade bate no tempo, metade bate atrasado.”

da música Coração de Vidro, de Darci Rossi e Alexandre

Existe um outro tipo de arritmia que é a aceleração súbita dos batimentos para níveis muito altos (ex.: 170 por minuto em repouso). Nesse caso é melhor ir ao hospital imediatamente, pois certamente algo está errado e é arriscado ficar com o coração acelerado assim por muito tempo.

Especialmente importante entre as arritmias é a fibrilação atrial (FA), em que os átrios param de bater (o normal é se contraírem em sincronia com os ventrículos) e ficam apenas “tremelicando”. Ela tem sido cada vez mais frequente com o envelhecimento da população, pois um dos fatores que favorecem o seu surgimento é a idade avançada. Mas pode surgir em qualquer patologia cardíaca, e também por fatores externos ao coração como excessos alcoólicos. O tratamento está hoje bem estabelecido, desde que a FA seja identificada por um traçado eletrocardiográfico. Isso às vezes é um desafio, pois quando ela ocorre de forma intermitente ou apenas raramente nem sempre se consegue registrar. Mesmo o Holter que registra o ECG por 24 horas às vezes não consegue captá-la se ela ocorre uma vez por semana, ou por mês. Aí temos o recurso mais moderno de alguns smartwatches (ex.: iPhone 6 ou superior) que reconhecem a FA e registram o ECG na hora da arritmia. Esse registro poderá então ser enviado no mesmo momento ao seu médico .  

Uma vez confirmada FA, parte-se para o tratamento, que pode ser uma cardioversão ao ritmo normal imediata, até 48 horas, ou mais tardiamente (medicamentosa ou elétrica). Poderá ser necessário o uso de antiarrítmicos, às vezes anticoagulantes orais e eventualmente ablação dos focos cardíacos com um cateter de radiofrequência. Independente da terapia proposta, é importante segui-la à risca, pois a FA  não tratada  apresenta riscos como piora da função cardíaca e AVCs isquêmicos.

Finalmente um comentário sobre a bradicardia, que por definição são batimentos cardíacos de 59 por minuto pra baixo. Não é necessariamente um problema. Algumas pessoas são bradicárdicas naturalmente, outras devido a alguns remédios como os beta bloqueadores. Também é um achado comum entre atletas, pois com o chamado “efeito treino” o coração fica mais eficiente em cada batida; então  precisa bater menos vezes por minuto para fazer circular a mesma quantidade de sangue. Às vezes vemos maratonistas com 40 por minuto!

Mas em outras situações pode realmente ser um problema, mas só o médico pode distinguir isso, após avaliação clínico/cardiológica. Um dos principais indicadores de que a bradicardia é uma situação normal ou não é definida pelo teste ergométrico. Se os batimentos estão baixos, mas se elevam normalmente com o esforço: OK. Se não se elevam ou sobem pouco: problema a ser investigado.

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