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Ômega-3

Ômega-3, pílulas de óleo de peixe x peixe na alimentação

Veja o vídeo no YouTube: ,https://youtu.be/n0_U3ebg_u4

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Estudos feitos em esquimós, com dieta quase que exclusiva de peixes(ex.: sardinha, salmão, enchova, truta, atum, arenque, bacalhau) mostraram que eles quase não têm problemas coronários.

Isto levou à utilização em vários países de cápsulas de óleos destes peixes. Eles são ricos em ácidos graxos insaturados do tipo ômega-3 (ácido eicosapentaenóico ou EPA e ácido docosahexaenóico ou DHA). Eles reduzem os triglicérides e diminuem a tendência à coagulação do sangue, tendo menor efeito sobre o colesterol. Também ajudam a reduzir um pouco a pressão arterial, o que pode ser útil para hipertensos.

O uso de cápsulas de óleo de peixe não tem sido no momento recomendado, como suplemento, à população em geral ( para prevenção primária, naqueles que nunca tiveram problemas coronários) mas apenas em casos específicos, a critério médico. Um exemplo seriam pessoas que já tiveram problemas coronários (prevenção secundária) e que poderiam se beneficiar ingerindo 900 mg de EPA e DHA por dia (correspondente a 3 cápsulas de 1 grama de óleo de peixe, cada uma contendo 300 mg destes ácidos).  Recentemente foi lançado um EPA purificado (cápsulas de 1 g de EPA puro) e que foi aprovado para uso em pacientes que já tiveram eventos cardiovasculares (portanto prevenção secundária) e que tomam estatinas para baixar o colesterol, mas que persistem com os triglicérides elevados. Consegue-se uma  redução aceitável dos triglicérides e também do risco cardiovascular. Mas teriam que ser tomadas 4 cápsulas de 1 g por dia (total 4 g) o que torna o preço ainda bem salgado. E essa dosagem aumenta discretamente o risco de arritmias atriais.

Outro ômega-3 é o ácido linolênico (ALA) presente em óleos vegetais como canola, soja e especialmente no linho, ou óleo de linhaça . Também em alimentos como nozes,  e grãos como chia e a própria linhaça. A exemplo dos ômega 3 de origem animal, não é usado para prevenção primária de problemas cardíacos na forma da substância purificada em cápsulas. Mas sim como parte de uma dieta saudável, a partir dos óleos e alimentos citados.

O uso de alimentos ricos em ômega-3 (como na dieta mediterrânea) é vantajoso e recomendado a toda a população. Os peixes que contém ômega-3 costumam ser caros (exceto a sardinha) e podem ser difíceis de se manter na rotina semanal.

Se acessíveis, atum e salmão são boas fontes. Existem as opções de alimentos (como o leite) previamente enriquecidos com ômega-3. Outras fontes são vegetais, como já foi dito: óleos de linho, canola e soja e grãos como chia e linhaça usados na alimentação.

Mesmo o uso de peixes que não são ricos em ômega-3 (como os peixes de água doce) é saudável pois contém baixa carga de gordura saturada.

Uma recomendação prática é a de se comer 100 gramas de carne de peixe duas vezes por semana.

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Alguns medicamentos comumente usados por conta própria

​Veja o Vídeo no YouTube: https://youtu.be/T4B6D6K9hxw

 

Medicamentos que comumente são usados por iniciativa própria do paciente, e que podem trazer problemas, se usados inadequadamente:

 

1. Antiinflamatórios

A lista é muito extensa, mas os mais comuns são o diclofenaco e seus assemelhados. Se tomados por conta própria por tempo prolongado podem aumentar a pressão arterial, provocar retenção de líquidos e edema, causar ou piorar disfunção renal e, pior, aumentar o risco da ocorrência de infartos.

Sem falar em gastrites e úlceras. Muitos os consideram analgésicos comuns, e nem revelam ao médico que os usam regularmente, o que cria uma situação de alto risco!!

 

2. Minoxidil, para tratamento da calvície

 

É um potente vasodilatador, e pode ter alguma ação (variável), sobre os vasos do organismo, apesar de aplicado localmente no couro cabeludo. Em princípio, pessoas hipertensas e as com problemas cardíacos, e em especial as que fazem uso de vasodilatadores, não devem usar o minoxidil  tomado via oral, ou aplicado localmente, por conta própria pois existe aí um maior risco de complicações cardiovasculares e interação com outros medicamentos.  Bebidas alcólicas também podem potenciar o efeito vasodilatador do minoxidil.

Só use o minoxidil com prescrição médica, em geral por um dermatologista, que costuma dependendo do caso pedir uma avaliação cardiológica prévia.

 

3. Aspirina®, AAS®, Melhoral® infantil, ácido acetil-salicílico

 

Muitas pessoas têm tomado por conta própria aspirina para prevenção de problemas cardíacos. Há os dois lados da moeda: realmente o AAS (ácido acetil-salicílico) é prescrito regularmente por cardiologistas, para pessoas que já têm certos problemas cardíacos identificados (incluídos os safenados, pós-infartados e os submetidos a angioplastia). Nestes casos, já foram demonstrados benefícios reais. Para os indivíduos sadios, que não têm qualquer evidência de doença cardíaca, a relação risco/benefício (e mesmo a dosagem ideal) não está estabelecida, apesar de a relação custo/benefício ser favorável devido ao baixo preço do produto.

 

Seu uso continuado pode ser indicado pelos médicos, para aquelas pessoas não cardíacas, mas com vários fatores de risco associados. Não se deve usá-la continuamente sem acompanhamento médico, e não se deve usá-la se há relato prévio de gastrite, úlcera, azia persistente ou esofagite de refluxo, bem como distúrbios hemorrágicos. Portanto, pessoas sadias e sem fatores de risco associados não deveriam no momento fazer uso prolongado de aspirina, até que surjam novas conclusões a respeito. Não tome aspirina nos 10 dias anteriores a qualquer cirurgia (incluindo pequenas cirurgias e extrações dentárias), porque ela prolonga o tempo de sangramento.

 

4. Diuréticos

 

Largamente usados em cardiologia, nunca devem ser tomados por conta própria. Há situações absurdas, como usar vários comprimidos por dia, para emagrecer! Os diuréticos, se fazem perder algum peso, é pela eliminação de líquidos, que serão repostos em pouco tempo. Mesmo as pessoas que os tomam sob receita médica não devem “sumir” do médico, pois é necessário de tempos em tempos dar uma “checada” na dosagem, e mesmo na real necessidade de se continuar o seu uso, além de exames de sangue para monitorar possíveis efeitos colaterais. Em dias de muito calor e sudorese excessiva, ou doenças intercorrentes, febre e  diarreia, pode ser necessária redução na dosagem. Discuta com seu médico se este é seu caso.

 

5. Esteróides anabólicos

 

Fuja deles! São usados por halterofilistas e atletas de musculação para aumento da massa muscular. A relação risco/benefício não compensa. Além de maior risco de câncer, podem induzir lesões no miocárdio, e também levar a aterosclerose acelerada e a infarto, e elevar a pressão. São considerados “dopping” pelo Comitê Olímpico Internacional.

 

6. Nitratos (Isordil, e similares)

 

É comum vermos pessoas trazendo no bolso ou valise, por iniciativa própria, e sem prescrição médica, um frasco de nitrato, como “preventivo”. O uso destes medicamentos só deve ser feito sob prescrição e rigoroso acompanhamento médico. São principalmente indicados a portadores de angina estabilizada, e também em casos de urgência. Não há qualquer sentido prático em pessoas não cardíacas andarem com um medicamento destes. Se você tiver uma forte dor no peito pela primeira vez, que durar mais do que uns poucos minutos, o melhor a fazer é procurar um médico ou hospital sem demora.

 

Mesmo os portadores de angina devem ter certos cuidados ao usar os nitratos. Sempre que usados debaixo da língua (para aliviar uma dor no peito moderada ou intensa), deve-se permanecer deitado ou sentado por uma hora após, pois pode haver queda acentuada de pressão, ou mesmo ocorrer um desmaio, se se ficar de pé. Nitratos têm prazos de validade curtos (máximo de dois anos).

Tais prazos na prática podem ser ainda menores, pois estas drogas perdem sua potência com o calor. Frascos sempre mantidos em bolsos, em contato com o calor do corpo, em bolsas expostas ao sol, ou dentro de veículos, devem ser trocados a cada  seis meses. Às vezes vemos pessoas que andam com o mesmo frasco por vários anos!

Não se pode, em nenhuma hipótese, associar nitratos com Viagra e outros medicamentos usados para disfunção erétil. É preciso um intervalo de tomada entre um e outro de pelo menos 24 horas, mesmo assim se liberado pelo médico.

 

7. Vasodilatadores orais para disfunção erétil

São usados para tratar a disfunção erétil, ou impotência sexual masculina (deve-se evitar tomá-los junto com doses além de discretas de bebidas alcoólicas, e também com refeições exageradas):  Sildenafil (Viagra), tadalafila (Cialis), e muitos outros similares ou genéricos a esses.

 

Podem reduzir em até 5 a 10 mmHg tanto a pressão arterial máxima como a mínima. Hipertensos e cardíacos devem checar os detalhes de uso com seu cardiologista, que fará o devido acompanhamento. Não pode ser usado junto com nitratos (intervalo mínimo de 24 horas) pelo risco de reações graves, como queda acentuada da pressão arterial.

“O farmacêutico faz misturas agradáveis,

compõe unguentos úteis à saúde…”

Eclesiástico 38:7.

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Bulas de medicamentos

Veja o vídeo no YouTube:https://youtu.be/V0KmW9V8fRs

Se você tem o hábito de ler as bulas dos remédios, antes de tomá-los, saiba o seguinte: as bulas contém informações que podem ser úteis ao médico e ao paciente.

Os efeitos colaterais relatados poderão acontecer em alguns casos. Não vão necessariamente ocorrer com todos os usuários do medicamento. Para se ter uma ideia, alguns efeitos ocorrem, por exemplo, em 5% dos casos; outros, em 0,2%!!! Além disto, pessoas que se sugestionam facilmente podem “sentir” os efeitos relatados. 

As empresas fabricantes costumam colocar na bula todos os efeitos que foram relatados durante as pesquisas clínicas e também após o lançamento do remédio. Muitos desses efeitos podem não ter uma relação direta com o medicamento, mas são relatados como uma prática defensiva do laboratório, devido ao risco de processos judiciais.

Se você tem alguma dúvida com relação à bula do medicamento, troque ideias com seu médico, antes de interrompê-lo por conta própria.

É bom lembrar o ditado popular: ” Se você for seguir a bula ao pé da letra, não toma nem água benta”!

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Medicamentos de uso prolongado

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Em cardiologia, é comum serem prescritas medicações de uso prolongado. Mesmo que se tenha acesso a esses medicamentos sem a receita médica, uma nova consulta de controle deve ser feita pelo menos 2 vezes por ano.

 

Exemplo: Hipertensos devem ir ao médico pelo menos semestralmente, uma vez no verão (quando a pressão costuma ser mais baixa) e uma vez no inverno quando o contrário acontece (a pressão pode se elevar). Além disso outros fatores podem fazer a pressão subir (como ganho de peso, sedentarismo, alimentação com muito sal, uso de certos medicamentos) ou baixar, como perda de peso, atividade física regular e também uso de certos medicamentos. Alguns pacientes cardiológicos pegam uma receita e ficam anos repetindo os remédios sem retornar à consulta. Não é preciso pensar muito para se imaginar o risco que se corre…

 

Quando for comprá-los, (ou recebê-los no serviço público) confira de tempos em tempos a embalagem checando o nome comercial e o genérico, e a dosagem.

 

A indústria farmacêutica pode eventualmente fazer alguma alteração. Se notar qualquer mudança, inclusive no aspecto da embalagem ou do produto (ex.: aspecto do comprimido), leve ao seu médico para conferir. Podem haver também novas associações com outros remédios, e até mesmo mudança total no(s) componente(s) químico(s), e podem surgir novas informações sobre efeitos colaterais e contraindicações.

 

Alguns fabricantes às vezes mudam a apresentação ou a dosagem de certos remédios, ou lançam novas opções de dosagem, sem muito esclarecimento à população leiga.

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Home office, trabalho remoto e outros bichos

Veja o vídeo no YouTube: https://youtu.be/gaWjENTVh0c

 

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Ao que tudo indica, essa modalidade de trabalho veio pra ficar, seja em tempo total ou parcial. Existem sim vantagens para o patrão, pro empregado e pro autônomo.

MAS…

Se observarmos na natureza, num ambiente ainda intocado pelo homem, veremos que tudo tem um ritmo. Amanhece, e os pássaros, as plantas, os peixes e outros animais, todos obedecem a um ciclo dia/noite. Tem sido assim desde sempre. Alguns pássaros são madrugadores, e  tem a passarada que acorda fazendo aquele barulhão . Outros como as corujas e curiangos têm hábitos noturnos. Existem os  felinos que tem o hábito da caça ao escurecer, e tem até a “hora da onça beber água”. Os peixes comem mais no amanhecer e ao entardecer.  Certas flores se abrem durante o dia e se fecham `a noite. Este ciclo natural da vida existe desde sempre, e esses hábitos estão impressos no DNA de todos os  seres vivos.

Ora, nosso corpo também necessita de um ritmo diário, dia/noite, ou trabalho/descanso, ritmo circadiano, biorritmo ou seja lá que nome se dê.

Antes da pandemia, no trabalho dito  tradicional, tinha hora pra ir pro serviço, hora pra comer, pra ir embora, pro happy hour…

Pois bem, aí veio uma mudança súbita que não permitiu muito tempo de adaptação.

O pessoal que ainda está iniciante no home office está tendo dificuldade em transportar os horários do trabalho externo para casa. E com isso gerando transtornos vários, como ansiedade, alimentação anárquica, sedentarismo e ganho de peso, etc . E com isso queda de rendimento no trabalho e problemas de variado calibre com a saúde.

O ideal é que se reproduza um mínimo do ritmo que se fazia antes no trabalho, e  também fora dele. Inclusive com tempo pra se exercitar. Tentando obedecer a um mínimo de horário preestabelecido, com direito às exceções de praxe. E fazer o melhor ajuste com os horários de sono,  de acordo com a preferência e a necessidade profissional e individual. Alguns continuam achando mais adequado o sono noturno habitual. Outros tiram um soneca no meio do dia. Ainda outros preferem o sistema do “sono bifásico” que existia antes da revolução industrial (naquela época dormia-se tipo de 9 às 11 horas, então acordava-se e havia  a “vigilia da noite” de 11 a 1 da madrugada, -tem que acha que “rende mais” nesse período-,  retomando-se o sono até  o amanhecer). Vale o esquema que cada um se adapte melhor.

 No meio da anarquia de horários, tem o caso do sujeito que na sexta feira acaba esticando no “homework” até tarde da noite, vai dormir cansado e aí,  revoltado por ter perdido a “sexta à noite”, levanta no sábado e abre uma cerveja às nove da manhã! Daí em diante bagunça tudo.

Portanto, fica o desafio para os patrões (que precisam de seus empregados saudáveis, física e mentalmente), para os próprios empregados e pros autônomos.

Tentar imitar a natureza e seu ciclo diário.

Todos só tem a ganhar.

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Colesterol e triglicérides

Alguns detalhes sobre o tratamento do colesterol e triglicérides elevados

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Dependendo do perfil de risco, aqueles pacientes chamados de muito alto risco (ex.: que já tiveram infarto e obstruções das coronárias em geral, tendo ou não feito pontes de safena ou angioplastia) tem a recomendação de manter o LDL colesterol (o vilão) bem baixo, em torno de 50. E se mesmo assim ainda vierem a ter um novo evento coronário num prazo de 2 anos após ter iniciado o controle dos 50, sugere-se que se tente baixar para 40.

Daí vem a pergunta? Não tem um limite mínimo de LDL? Ainda não se sabe, mas para indivíduos com obstruções graves nas coronárias ou em outros locais, em princípio vale a máxima: “quanto mais baixo melhor”.

Mas voltando à pergunta: “qual o mínimo” em que se poderia chegar “forçando pra baixo” com medicamentos? Bom, sem forçar com remédios encontramos uma situação  em que se observou níveis de LDL naturalmente  na faixa de 25 a 40: nos bebês !  Então, na falta de melhor evidência, talvez 25 a 40 pudesse ser um “mínimo normal”. Como existem hoje remédios potentes, principalmente quando dados em associação, as diretrizes tem recomendado que se vier um LDL tão baixo quanto 25 e for confirmado no próximo exame (em 3 a 6 meses) novamente 25, poder-se-ia reduzir um pouco a dosagem da medicação. Por outro lado foi observado que a placa aterosclerótica que  obstrui parcialmente a parede da artéria é formada de um núcleo lipídico, de gordura, revestido por uma capa fibrosa . Daí é fácil concluir que se o núcleo é volumoso e a capa é fina, ela pode ser romper facilmente, acabando por fechar totalmente a luz do vaso.  Ficou demonstrado que se abaixarmos muito o LDL (abaixo de 40)  o núcleo de gordura diminui de tamanho  e a sua  capa fica mais espessada, reduzindo o risco da placa se romper. Baseado nisso existem os defensores de “quanto mais baixo o LDL melhor” para aqueles pacientes de muito alto risco, que já tiveram infarto ou outros eventos isquêmicos, e ainda tem detectados aos exames de imagem outras obstruções silenciosas mas prontas pra provocar uma encrenca a qualquer momento. O controle rigoroso da glicemia em diabéticos durante a terapia intensiva para reduzir o colesterol também ajuda a reduzir a placa.

Pessoas que estão tomando remédio para colesterol para prevenção primária (que nunca tiveram problemas coronários) em geral tem a medicação suspensa quando atingem 75 anos, mas se bem tolerada é razoável que continuem tomando. Se já tiverem tido doença coronária previamente, ou aterosclerose cerebral, carotídea, das pernas etc, devem necessariamente continuar tomando. Nestes casos, não existe um “ponto de corte” de idade para interrupção do remédio, a menos que surjam outras questões que justifiquem a suspensão (declínio cognitivo, multi-morbidade, fragilidade, expectativa de vida reduzida). Mesmo porque a idade dos pacientes relatada nos grandes estudos representa a idade de  quando eles entraram no estudo, e  dependendo da duração do mesmo, ultrapassaram este limite de 75 anos.

Diabéticos entre 40 a 75 anos mesmo sem ter tido doença coronária prévia se beneficiam do uso de medicação para colesterol, a menos que o LDL já esteja abaixo de 70. Mesmo depois dos 75, podem ser mantidos com benefícios, se tolerados.

Diabéticos de 20 a 39 anos cuja duração for de mais de 10 anos para diabete tipo 2 ou mais de 20 para diabete tipo 1, ou se tiverem albuminúria, disfunção renal, retinopatia ou neuropatia já se beneficiam com medicação para colesterol.

Em crianças e adolescentes com colesterol alto, a ênfase deve ser melhorar ao máximo sobrepeso, alimentação inadequada e sedentarismo. No entanto, acima de 10 anos de idade e com LDL 190 ou mais pode estar caracterizado um componente genético e justificar medicação. Da mesma forma adultos jovens (20 a 39) anos com LDL que não baixa de 160.

A maioria das pessoas que tem triglicérides muito aumentados tem múltiplos fatores de risco associados:  obesidade, síndrome metabólica, glicose elevada, além do o próprio VLDL, que carreia os triglicérides e é também aterogênico. Essa associação tem que ser então combatida em conjunto.

Portadores de HIV que fazem uso de antiretrovirais poderão ter elevação dos triglicérides e redução do HDL colesterol, além de descontrole glicêmico e alterações na distribuição da gordura subcutânea (lipodistrofia). Portanto, precisam de maior atenção quanto ao seu controle metabólico.

Dores musculares podem acontecer com o uso das estatinas (5% a 20% dos casos), e em geral acometem grandes grupos musculares proximais (músculos dos braços, coxas, panturrilhas) são bilaterais e ocorrem após semanas ou meses do início do tratamento. Desaparecem com a interrupção por 15 dias, podendo-se então tentar uma dose menor ou a troca por outra estatina.  Dores articulares em geral, comuns no idoso, não tem relação com essa medicação.

Estudos feitos com jovens saudáveis de 18 a 30 anos e seguidos por duas décadas mostraram que as placas de aterosclerose podem surgir por dois fatores: o nível de LDL colesterol e o tempo em anos em que ele ficou alto. Quanto mais tempo de exposição e mais alto o LDL, mais placas. Então quanto mais cedo começar o controle do LDL , melhor.

Curiosamente, estudos de ultrassom feitos em jovens mostraram que o primeiro local onde ocorrem as placas é na artéria femoral. Um lugar onde não se esperava e normalmente não se procura essas placas. Isso reforça a necessidade do controle precoce do LDL elevado, sem esperar encontrar placas para então começar o tratamento.

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Varizes

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A dilatação progressiva das veias das pernas, principalmente nas mulheres, leva às varizes.

A hereditariedade pelo lado materno é o principal fator determinante.

No início há uma sensação de peso nas pernas, dor e inchação. Para evitar que o problema se acentue, estão indicadas as caminhadas (que estimulam a circulação local), e as meias elásticas de compressão gradual, para serem usadas durante o dia (nunca dormir com as meias).

Pessoas com varizes devem evitar ficar muito tempo paradas na mesma posição, quando de pé ou assentadas.

Quando deitadas, devem elevar as pernas, por algumas horas, num nível acima do resto do corpo, o que facilita a circulação de retorno.

Medicamentos podem ajudar um pouco. A esclerose (injeção de substância que “seca” as veias), só serve para as microvarizes superficiais.

Varizes muito acentuadas podem levar à inflamação local (flebite), à formação de coágulos (trombose venosa) ou à liberação destes coágulos para a circulação (embolia), esta última podendo afetar os pulmões e o coração.

Às varizes volumosas, só resta a cirurgia, que consiste em sua retirada, para evitar as complicações citadas.

Varizes acentuadas podem ser uma contraindicação ao uso de pílulas anticoncepcionais e hormônios pós-menopausa.

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Medicamentos “naturais”

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Medicamentos naturais seriam aqueles preparados à base de plantas e produtos naturais, e incluem chás, infusões e similares. Também chamados fitoterápicos. Mas a distinção e exata definição destes é bem ampla e por vezes bastante imprecisa.

Uma parte importante dos medicamentos homeopáticos, fitoterápicos e também alopáticos são retirados de plantas e outras fontes da natureza. Inclusive os digitálicos (como a digoxina), usados em cardiologia há mais de 200 anos e provenientes de uma delicada flor (digitalis ou dedaleira). Análogos do curare, que é um veneno paralisante colocado nas flechas pelos índios da Amazônia, são usados rotineiramente em anestesia geral. Modernos anti-hipertensivos tiveram suas pesquisas iniciais no Brasil, estudando-se o veneno das serpentes como a jararaca.

“O Senhor fez a terra produzir os medicamentos:

O homem sensato não os despreza”.

Eclesiástico 38:4

A flora brasileira, tão em moda em discussões atuais como a da biodiversidade, é um dos maiores “laboratórios” que existem. Acontece que pouco se sabe sobre a maioria das substâncias fabricadas pelas nossas plantas. Muitos dos preparados hoje comercializados ou simplesmente “feitos em casa”, provém de informações leigas, e não se sabe se realmente funcionam, como e por quê. Pesquisas tem obtido progresso na área, que promete muito, mas as possibilidades são quase infinitas e prometem muito. Mas no momento a maioria dos preparados derivados de plantas vão continuar no terreno do “talvez”, do método “tentativa-e-erro”.

Não se deve esquecer também que algumas destas substâncias derivadas da flora, exatamente porque têm efeitos, podem ter também efeitos colaterais.

No citado exemplo da digoxina, que é utilíssima quando usada adequadamente, podem ocorrer intoxicação e até mesmo a morte, se houver excesso.

Portanto, deve-se evitar o conceito de que tudo aquilo que é derivado das plantas “não faz mal”, independente da dose. Afinal, a cocaína, a heroína e mesmo o tabaco e o café, estão aí para provar que não é bem assim.

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Alopatia x homeopatia e outros

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Não cabe aqui um amplo debate sobre o assunto, mas alguns tópicos devem ser comentados:

Ambas as linhas de tratamento concordam que a ideia básica para as pessoas se tornarem mais saudáveis consiste na melhoria dos hábitos de vida, e não no uso frequente de medicamentos. A prescrição de medicamentos ficaria reservada àqueles casos em que a abordagem não medicamentosa isolada não foi eficaz. Aí, esta última é mantida, e acrescenta-se a medicação na dose mínima necessária e suficiente. Esta dose certamente seria maior se as medidas não medicamentosas não fossem adotadas. Estas incluem dieta com menos sal e gordura, e com mais vegetais e especialmente fibras, não fumar, beber com moderação, reduzir o peso corpóreo (se indicado), e ser menos competitivo, para reduzir o stress, além de fazer exercícios moderados regularmente.

Tanto alopatas quanto homeopatas com boa experiência clínica sabem os limites de sua atuação. Os homeopatas têm melhor treinamento em ouvir os pacientes e em vê-los como um todo, e não como partes isoladas. O que, aliás, deveria ser atributo de todos os médicos.

“Para grandes males, grandes remédios.”

Sabedoria popular

Por outro lado, casos mais severos de distúrbios relacionados aos fatores de risco necessitarão de uma abordagem mais firme, que pode incluir medicação alopática. Se você é um hipertenso grave, tem diabete de difícil controle, ou colesterol alto que não cede com dieta adequada, certamente este é o seu caso.

Alguns pacientes se tratam com este dois ramos da medicina simultaneamente, e frequentemente ocultam de um dos médicos que estão se tratando com o outro, achando que poderiam ferir susceptibilidades.

O tratamento simultâneo alopatia x homeopatia não é necessariamente um problema, mas um tratamento às escondidas é sempre um problema em potencial. Faça as coisas às claras, e defina com o profissional de sua confiança o que deve ser feito.

Alguns medicamentos encontrados à venda , livres de receituário, se dizem “homeopáticos”, e na realidade não o são.

As “fórmulas” para perder peso, prescritas em clínicas de emagrecimento de reputação duvidosa, são ditas homeopáticas, devido aos nomes complexos dos componentes, alguns escritos em latim. Vários deles são potencialmente perigosos, incluindo diuréticos, hormônios tireoidianos, laxantes, digitálicos (que são medicação cardiológica), inibidores de apetite e tranquilizantes, entre outros.

Para piorar, algumas fórmulas são “copiadas” por pessoas amigas, que se sentem constrangidas em ir à consulta, mas não em usá-las.

Os cardiologistas estão frequentemente atendendo complicações, incluindo palpitações, alterações cardíacas e oscilações de pressão, decorrentes destes coquetéis explosivos. Fuja deles!

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Quedas

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Idosos, incluindo cardíacos idosos, têm um risco, que aumenta com a idade, de sofrerem acidentes aparentemente banais, como quedas em casa, que apresentam um grave potencial de complicações, como fraturas de bacia e costelas, traumatismos cranianos, etc.

Fraturas de fêmur são causa freqüente de intercorrências graves, como embolia pulmonar.

Estatísticas mostram que 30% dos indivíduos após 65 anos e 50% após 80 anos têm pelo menos uma queda ao solo por ano, a maioria delas ocorrendo por simples deslocamentos dentro de casa.

Até 10% de eventos graves e 25% das internações em hospital após os 70 anos podem ser devidas às consequências de uma queda.

Cardíacos têm risco de cair aumentado pelo uso de vasodilatadores, diuréticos, anti-hipertensivos, e às vezes anti-depressivos, que podem fazer a pressão arterial baixar excessivamente.

Isto pode ocorrer, por exemplo, quando se passa subitamente da posição deitada ou sentada para a posição de pé.

Tranquilizantes e outros medicamentos que provocam sonolência também são incriminados.

Outras causas de queda são alterações visuais (catarata, etc.), do equilíbrio (síndromes labirínticas), da força muscular e dos reflexos, e doenças das pernas e pés, levando a dores e dificuldade em manter uma marcha adequada.

Idosos podem ter alterações do nível de atenção, e ficarem desatentos aos possíveis obstáculos em uma caminhada.

Diante do exposto, prevenir quedas neste grupo de pacientes é fundamental.

Medidas neste sentido começam no consultório médico, verificando-se sempre a pressão arterial nas posições deitada e de pé, quando se faz uso dos medicamentos citados.

O uso de qualquer remédio, principalmente se tomado por conta própria, deve ser mencionado ao cardiologista, que verificará as chances de possíveis interações negativas entre as várias substâncias.

Aqueles sem uma clara indicação para seu uso deveriam ser eliminados.

Nos casos em que ocorre uma diferença importante entre a pressão sistólica nas posições deitada e de pé, (20 milímetros ou mais: exemplo: 160/80 para 130/80), além de se rever os medicamentos, pode ser necessário que os pacientes se levantem “aos poucos”, se ficarem muito tempo deitados, e também pela manhã, ao acordar.

Primeiro assentar na beirada da cama e só depois de 1 a 2 minutos ficar de pé, e então aguardar alguns momentos antes de sair andando.

Outras medidas são:

  • Manter um nível mínimo de atividade física e manter alimentação adequada, para preservar a força e o tônus muscular.

  • Correção de distúrbios visuais (cirurgia de catarata, óculos, etc.).

  • Tratamento de vertigens e síndromes labirínticas.

  • Uso de calçados apropriados, não derrapantes. Calçar adequadamente sapatos e chinelos, que quando apenas “enfiados no pé”, ou parcialmente calçados, podem representar uma ameaça.

  • Evitar “situações de risco” como fios elétricos pelo caminho, tapetes soltos, pisos encerados e deslizantes, cachorros, brinquedos dos netos, escadas perigosas, etc.

  • Colocar acendedores de luz em locais próximos à cama, para evitar se levantar e deitar à noite no escuro (ou colocar uma lanterna no criado mudo).

  • Também no criado mudo podem ficar um abajur e um telefone com uma agenda com os números mais importantes. (Um risco é passar mal e levantar-se, já enfraquecido, para telefonar).

Camas, sofás e poltronas devem ser levantados para uma altura ideal de 55 a 65 centímetros, o que facilita assentar e levantar-se.

Móveis como estantes e armários, se afixados na parede, podem servir como ponto de apoio.

Um dos locais mais arriscados é o banheiro.

Pode ser necessário fixar na parede do box do chuveiro uma barra ou corrimão, que permita se agarrar ou apoiar, no momento de lavar pés e pernas, ou  deixar dentro do box um banquinho de plástico (de 40 a 50 cm de altura) para tal fim.

Uma barra próxima ao vaso também pode ser útil, bem como tapetes de borracha e pisos pintados com tintas anti-derrapantes.

Existem assentos de vasos sanitários mais altos, alguns com até 12 cm de altura, que facilitam ao usuário levantar-se.

Como a altura do vaso sem o assento é de 38 cm, portanto muito baixa e exigindo um esforço extra do idoso para se erguer sozinho, com o assento especial vai para 50 cm, facilitando-o ir ao banheiro sem precisar de ajuda, e preservando sua privacidade.

Em escadas, a instalação de um corrimão pode ser providencial.

Após um episódio de queda, além das medidas citadas, é necessário apoio e estímulo dos familiares, pois o medo de cair novamente, pode levar o paciente a se movimentar menos, restringindo suas atividades, levando a maior fraqueza muscular… e maior risco de novas quedas, criando um ciclo vicioso.